Coluna da Maga
Magali Moraes: tudo bem mesmo?
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
A primavera já chegou, mas ainda é Setembro Amarelo. Cor que representa a vida, e não só a das flores. Quem acompanha a coluna sabe que eu sempre escrevo sobre essa importante campanha nacional. Por mais que seja um único mês de conscientização, a prevenção do suicídio deve ser assunto cotidiano e preocupação constante. O mundo anda tenso demais. Na internet, haters despejam negatividade. Enquanto isso, tem sempre alguém vivendo uma vida muito melhor que a nossa.
Inevitável se comparar e sofrer. Novos filtros distorcem a realidade, e seguimos caindo na armadilha. Coincidência ou não, nunca se falou tanto em saúde mental (ainda parece tão pouco). Ansiedade generalizada, polarização política, aceitação do corpo real, relacionamentos abusivos, pressão no ambiente de trabalho… a lista é enorme. Cadê tempo e disposição de prestar atenção nas próprias emoções? E na dos outros? A solução não é varrer pra baixo do tapete tudo o que nos incomoda e sorrir.
Intenção
Te convido a começar do básico. Aquela perguntinha automática que abre a maioria das conversas: "Tudo bem?". Se a gente colocar uma intenção sincera em saber se o outro está realmente bem – seja familiar, amigo, vizinho ou colega de trabalho –, fica mais fácil perceber tristezas e inquietudes que precisam ser ouvidas. Sinceridade na pergunta e boa vontade em ouvir (mais que um verbo, uma atitude). "Tá tudo bem mesmo?" Que a pessoa se sinta capaz de responder com sinceridade.
Prevenir o suicídio não é só aquela cena de filme onde alguém puxa o outro na beira da ponte ou janela. Quantas oportunidades de escuta e acolhimento foram perdidas antes? Quem pensa em tirar a própria vida provavelmente pensou em outras alternativas, mas não encontrou. Preste atenção em mudanças de comportamento e procure ajuda especializada. A vida importa, sim. A minha, a tua, a nossa. Viva os voluntários do CVV: ligue 188 gratuitamente de fixo ou celular 24 horas, todos os dias.