Minha mãe, Dona Ivanete, sempre dizia que a paulada vem de acordo com o tamanho do cachorro. Esse ditado era comum na rua onde morávamos, porque os cachorros da rua costumavam correr atrás de quem passava. Se eram cachorros grandes, pegávamos um pedaço de pau que assustasse o bicho, se eram pequenos poderíamos levar um menor. 

Isso naturalizou um ditado que se perpetua até hoje em nossa família. Sempre que alguém reclama de ter sofrido um tratamento ruim em algum lugar, minha mãe cita essa. Certa vez, em um avião indo para Dubai, um outro passageiro ficou nervoso porque a última garrafa de um determinado vinho foi dada a mim e não a ele, com isso fez comentários preconceituosos. Quando contei para minha mãe o fato, ela soltou, sem pena: “Problema de quem vai de primeira classe para Dubai. Quem pega o Restinga lotado não briga por causa de vinho. A paulada é de acordo com tamanho do cachorro”. 

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Essa semana, em particular, fui alvo de acusações absurdas, mas, como é regra da TV Globo, não comentamos notícias desse tipo. À noite, ainda chateado com o fato, fui buscar o colo da mamãe e tomei uma paulada. Ela disse: “Você quis ser grande, não reclame se sua cabeça bate no teto. Todo dia você fala para 15 milhões de pessoas, uma hora ia ter gente dizendo cobras e lagartos de você. Lembre-se de que a paulada é de acordo com o cachorro.” 

Não vou lamentar as acusações, vou agradecer, ninguém joga pedra em árvore que não dá fruto. Se querem ganhar audiência envolvendo meu nome nessas ações, é porque meu nome dá audiência. Obrigado, mãe, pelo cuidado.