Papo Reto
Manoel Soares e o que aprendemos com a tristeza
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Temos que ter muita coragem para parar de culpar os outros pelo que somos e recebemos. No fim das contas, todos têm o que merecem na vida. Seja por maldade, ignorância ou inocência excessiva, todos temos uma conta a acertar. Ninguém consegue o máximo na pontuação da vida.
Os erros são inevitáveis, porque somos seres únicos e ninguém jogou nosso jogo. Podem ter jogando um similar, mas nosso jogo é nosso. Quando ganhamos um filho ou perdemos nossos pais, por mais que outros tenham vivido isso, não é experiencialmente algo vivido por nós, e isso muda toda percepção do fato.
Acredito realmente que o universo faz um cálculo simples de virtudes e defeitos das nossas ações e o resultado é o que chega na mesa da vida. As alegrias são péssimas professoras, fazem carinho, mas não ensinam, não moldam o cuidado, não nos fazem avançar no campo da vida.
Sou daqueles que, quando ri, as maçãs do rosto se contraem ao ponto das rugas de pele fecharem meus olhos. A seriedade, por sua vez, me faz abrir os olhos. No máximo, sinto um leve tremor na pálpebra direita, por conta do bombar acelerado do sangue gerado pela tensão do momento, mas minha visão está ampla e aguçada. Isso é o efeito da dor e do perigo, remédio amargo, mas eficiente.
Busco a alegria, mas ela não é minha amiga, assim como a professora que me deixava entregar o trabalho no dia seguinte. Essa professora me deixava ser irresponsável. A professora rígida, por outro lado, me ensinou a ter um padrão que me permite ser apresentador da Globo. Minha dica é: ame a alegria, mas aprenda com a tristeza.