Notícias



Direto da Redação

Michele Vaz Pradella: "Alerta vermelho para o setembro verde"

Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

14/09/2022 - 09h22min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
Enviar E-mail
Agência RBS / Agência RBS
Direto da Redação

Foi em agosto de 2011 que publiquei meu primeiro texto no Diário Gaúcho, no qual escrevi sobre os rótulos que acompanham as pessoas com deficiência. Nestes 11 anos, o que mudou? Na minha vida, muita coisa. No quesito inclusão, quase nada.

Estamos no setembro verde, dedicado à inclusão e à acessibilidade. E, no dia 21, é Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A questão é: temos mais a celebrar ou a alertar nessas datas?

Olhe ao redor. Como são as calçadas da sua rua? Na sua cidade, as pessoas respeitam as vagas reservadas? Pisos táteis, rampas, sinais sonoros ou descrição em braile são comuns nos locais que você frequenta?

Confira outras colunas Direto da Redação

O Estatuto da Pessoa com Deficiência ainda é “jovem”, se comparado a outras leis mais antigas. Só em 2015 surgiram as leis que protegem e garantem os direitos dos PCDs. A questão é que, seja por desconhecimento ou pela certeza da impunidade, muitos dos artigos dispostos na lei seguem sendo descumpridos. Há poucos prédios cuja arquitetura facilita o acesso de quem tem dificuldades de locomoção. É normalizado usar vagas de estacionamento ou banheiro para cadeirantes com a velha desculpa de “foi só um minutinho”. Isso sem falar nas escolas, onde a inclusão é bonita só no papel.

Por lei, as escolas devem integrar os alunos com deficiência às turmas “normais”, sem distinção. É claro que as necessidades de cada um devem ser respeitadas, com adaptações físicas, de currículo ou até mesmo de monitores especializados em auxiliar a criança no processo de aprendizado. Em instituições privadas, há plenas condições de se oferecer o que qualquer aluno com deficiência necessite. Mas como exigir as mesmas condições das escolas públicas, que muitas vezes não possuem o material básico? Isso sem falar no transporte público, muitas vezes sem as adaptações necessárias.

O caminho é longo e há muito a ser feito. Deficiente mesmo é a sociedade, incapaz de perceber as diferenças e de dar condições iguais a todos.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias