Notícias



Mais de 30 dias

Moradores reclamam de obra não terminada pelo Dmae em rua do bairro Santa Tereza

Na Dona Amélia, paralela à Avenida Padre Cacique, pedras nas calçadas e barro na via causam transtornos

22/09/2022 - 10h57min

Atualizada em: 22/09/2022 - 10h58min


Carlos Redel
Carlos Redel
Enviar E-mail
Camila Hermes / Agencia RBS

Andar pelas calçadas da Rua Dona Amélia, paralela à Avenida Padre Cacique, no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, não está sendo uma tarefa fácil para os moradores. Isso porque o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) iniciou há mais de 30 dias uma obra na via para colocação de novas bocas de lobo que escoem melhor a água da chuva, mas os trabalhos ainda não foram finalizados. 

Sobre as calçadas da pequena rua sem saída da zona sul da Capital, ficaram os paralelepípedos que pavimentam o piso, deixando alguns trechos intransitáveis e obrigando os pedestres a irem para o meio da via. Esburacada e sem os paralelepípedos, a rua está coberta de terra e, em dias de chuva, fica cheia de barro. Além disso, as tampas das bocas de lobo aparentam estar soltas, o que pode provocar acidentes.

Morador da Dona Amélia há mais de 40 anos, o contador Luís Carlos Welker diz que, antes, a rua "era uma beleza". Mas a construção de um condomínio novo no local, o Hill 160, a aglomeração de torcedores do Internacional em dias de jogo — a rua fica em frente ao Beira-Rio — e, agora, as obras inacabadas pelo Dmae estão dando dor de cabeça. 

— Está horrível. O Dmae veio, abriu as bocas de lobo e se mandou. É simplesmente absurdo o que o serviço público está fazendo — conta Welker, que espera que a rua receba asfalto depois de tanto tempo de espera e tendo que conviver com os buracos na via. 

Léo Borges, aposentado que vive na Dona Amélia há 24 anos, espera que as bocas de lobo colocadas pelo Dmae melhorem o escoamento da água, que empoça em dias de chuva, já que a rua fica na parte baixa de um barranco. Porém, ele apontou que, em alguns pontos, as novas instalações não resolveram o problema, já que havia locais com alagamento na via. 

— Além da poeira da obra, agora ainda tem a terra dos buracos da rua. O Dmae abre, não fecha, manda equipes aqui que olham, também não fecham, dizem que vão mandar outras pessoas e não se resolve nada. Está caótica a situação — destaca Borges, que também é um entusiasta do asfalto para resolver os problemas. 

A bancária aposentada Kátia Silveira tem uma posição diferente. Ela espera que o Dmae volte para recolocar as pedras no lugar para desocupar as calçadas, e não quer asfalto, pois acredita que a via, assim, ficará impermeabilizada e, com isso, toda a água que desce do barranco invadirá a sua casa. Ela afirma que as bocas de lobo não darão conta de absorver toda a enxurrada, uma vez que foram feitas apenas conexões dos novos sumidouros, de um lado da rua, com os do outro, que já existiam.

— Se colocar asfalto, a minha casa alaga. Moro aqui há 40 anos e já tive a minha casa alagada. Em janeiro, o esgoto não deu conta e a água entrou. Meu pátio ficou 60 centímetros debaixo d'água. Perdi um monte de coisas — explica. 

Para Tales Reis, administrador e morador da rua há dois anos e meio, independentemente de asfalto ou não, o seu desejo é que uma solução seja encontrada logo, pois até o passeio com o seu cachorro, o Thor, virou um problema: 

— Antes das bocas de lobo, a rua alagava. Agora, tem o problema da lama. Para atravessar a rua, tem que pegar o Thor no colo. Se eu estou com alguma sacola, tenho que deixar ele pisar na sujeira e, daí, tenho que limpar todo o cachorro quando chego em casa. E, com as pedras na calçada, a gente se vê obrigado a pisar na rua. Piorou.

Camila Hermes / Agencia RBS
Situação da Rua Dona Amélia está deixando os moradores do local irritados com a demora para a finalização das obras

O que diz o Dmae e a SMSUrb

Segundo o diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, a obra na Dona Amélia visa à melhoria do escoamento da água. Ali, ele explica, foram realizadas travessias, que é quando se capta água da chuva de um lado e atravessa para o outro, usando a mesma rede de esgoto. De acordo com Garcia, a obra de escoamento só vai ter resultado com a melhora do pavimento, que, atualmente, está muito acidentado, com alguns buracos.  

— É para ficar contemplado com o projeto de revitalização do pavimento. Acontece que a gente foi lá, entrou e fez a obra. E nós não iríamos gastar refazendo o pavimento porque iria ter uma revitalização logo em seguida. O que aconteceu nesse meio tempo foi que houve uma mudança do projeto do pavimento. O Dmae não tinha programado fazer esse reparo e aí, realmente, a gente atrasou um pouco, mas vamos voltar agora lá para refazer — diz o diretor-geral. 

Garcia diz que sabe do transtorno à população, mas defende que o departamento fez a obra compatibilizada com uma melhora no pavimento, tanto da rua quanto dos passeios. O projeto, porém, teve passar por algumas mudanças que fogem de sua gestão. Ele enfatiza que a obra foi feita a pedido da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), que iria realizar a melhora do pavimento. 

— Diante dessas mudanças, passamos para o Repav, que é o nosso contrato que faz as reconstruções. Vamos tentar priorizar as calçadas para dar fluxo para os pedestres — diz Garcia. 

Porém, a reconstrução da via na Dona Amélia ainda não tem data para ocorrer, uma vez que a demanda foi enviada para o Repav na semana passada e a previsão de atendimento de demanda do setor é de 30 dias, com os períodos de chuva podendo atrasar a obra. De acordo com Garcia, só é possível fechar o pavimento quando não tem muita umidade no local. 

Já a SMSUrb, por meio de nota, destacou que "a manutenção de todo o pavimento da Rua Dona Amélia, no bairro Santa Tereza, será realizada pela empresa que fará um empreendimento no local. A licença para a reforma foi solicitada para a prefeitura e já está sendo analisada pela área técnica da SMSUrb. Antes das intervenções no pavimento, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) realizou melhorias no escoamento da água que ficava acumulada no final da rua". 

Já a construtora Celsul Engenharia, responsável pelo novo empreendimento da rua, por meio de seu consultor técnico Cássio Borges, destacou que a intenção da empresa era de asfaltar o local após a conclusão das obras do Hill 160 — que deve demorar entre 30 e 60 dias —, porém, após reuniões com moradores da Dona Amélia, que não quiseram tal mudança, as pedras serão mantidas. Ele enfatiza, entretanto, que serão feitas melhorias na via.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias