Álvaro Alvim
Demolição de hospital muda cenário no bairro Rio Branco, em Porto Alegre
Propriedade, que pertencia à União, foi adquirida pela incorporadora Melnick e dará lugar a um novo projeto arquitetônico
Máquinas, retroescavadeiras, rompedores pneumáticos, manipuladores telescópicos e ação de operários com suas ferramentas mudam o cenário onde antes havia circulação de pacientes e profissionais de saúde. É a demolição do prédio no qual funcionou o Hospital Álvaro Alvim, que acontece no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. A propriedade, que pertencia à União, foi adquirida pela incorporadora Melnick e dará lugar a um novo projeto arquitetônico.
A demolição começou com a primavera, em 21 de setembro. Na manhã desta sexta-feira (21), a movimentação pelo pátio era intensa. Conforme Gabriele Eder, engenheira responsável por esta etapa da obra, ainda não há como estabelecer uma previsão para a conclusão da derrubada de estruturas e para a remoção do grande volume de material resultante da demolição.
— O conjunto de prédios tinha uma área construída de quase 11 mil metros quadrados. Nesse primeiro momento, a equipe de operários trabalha na atividade chamada acúmulo, que consiste em amontoar material retirado em níveis inferiores para que as máquinas subam nesse acúmulo para acessar patamares superiores — explica Gabriele.
A engenheira conta que, na sequência da derrubada do que restou dos prédios, terá início a remoção dos inertes. A propriedade foi arrematada em um leilão promovido pela prefeitura da Capital em abril. Embora o Ministério da Economia tivesse avaliado a propriedade em R$ 31,3 milhões, o valor da compra acabou ficando em R$ 17,25 milhões. O preço foi rebaixado no segundo leilão, depois que nenhum interessado apresentou proposta na ocasião do primeiro. No segundo, somente a Melnick apresentou oferta, de R$ 17.511.000,99 — 1,5% acima do valor mínimo.
Abandono trazia preocupação e gerava transtornos para a comunidade
Até o início dos trabalhos de desconstrução, o local vinha sendo objeto de preocupação por parte dos moradores das imediações. No período em que ficou abandonado, o terreno era constantemente atacado por vândalos e criminosos. Ocorriam furtos e depredações.
Originalmente, a área era ocupada pelo Hospital Luterano. Em 2010, foi incorporada ao patrimônio da União, sendo associada aos serviços de formação médica, assistência e pesquisa clínica administrados pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Destacava-se, entre diversas linhas de atuação, a pesquisa sobre dependência de álcool e drogas, que era reconhecida por prestar suporte aos participantes para superação do vício.
Em abril de 2020, a unidade foi fechada e os serviços nela realizados foram transferidos para os espaços abertos com a ampliação do HCPA. No ano passado, a União cedeu as instalações para o município de Porto Alegre. A prefeitura, por sua vez, cogitava constituir uma unidade provisória para tratamento da covid-19 no local, o que acabou não acontecendo em decorrência da declaração de comprometimento estrutural através de laudo técnico. Condenada, a edificação foi reapropriada pela União e leiloada.
GZH pediu à Melnick mais detalhes sobre o empreendimento a ser erguido no local, mas até a publicação desta reportagem não havia recebido resposta.