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Coluna da Maga

Magali Moraes: bairros e fronteiras

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

07/10/2022 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Eu gosto de circular pelas ruas da cidade procurando limites entre os bairros. Uma pista qualquer além das placas de sinalização, sabe assim? Fico em busca de um marco imaginário que separa cada bairro. Como aquela avenida lá no Chuí, onde um lado da calçada é o Brasil e no outro, o Uruguai. Se a gente encontrasse de fato essas fronteiras, a vida não mudaria. Mas seria curioso e poderia trazer uma sensação de proximidade. Não pra separar, e sim avançar nos bairros vizinhos: um pé lá, outro cá.  

Garanto que seria bom até pros negócios. E se a padaria do centro criasse uma oferta especial pra atrair forasteiros? Pra quem vem da zona sul, tem promo de doces. Pra quem vem da zona norte, é de salgados. Algumas paradas a mais no ônibus ou uma caminhada extra e você se aventura em terras desconhecidas. Dá pra cruzar as fronteiras do bairro de bike, carro, moto. Ou a pé, devagarinho, pra virar passeio. Esquece o mapa, é tão bom se perder por aí garimpando as novidades. 

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Trajeto

Os aplicativos de entrega de comida encurtam distâncias e fazem por nós esse trajeto entre os bairros. Praticidades da vida moderna (e a fome tem pressa). Agora você nunca sentiu vontade de ir até aquela pizzaria de sempre pra descobrir como ela é, em que rua fica e ver o movimento dos moradores? Observar e mastigar, não necessariamente nessa ordem. Poder sentar numa mesinha lá fora e se sentir um local. A pizza chega mais rápido no estômago, e o bairro ganha sua ilustre presença.

Bom é ter amigos que moram do outro lado da cidade e nos fazem cruzar fronteiras pra matar a saudade. Só presta mais atenção no percurso. Quantos parques e praças a gente deixa de frequentar porque são longe de casa. Mas tenho um palpite: as melhores descobertas podem estar bem pertinho, no bairro ao lado, em ruas interessantes a poucas esquinas do seu CEP. Com a internet, o mundo perdeu as fronteiras. Já no nosso bairro, seguimos percorrendo as mesmas calçadas.



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