Coluna da Maga
Magali Moraes e os 5 segundos
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
É lenda urbana ou tem fundamento científico? A regra dos 5 segundos permite que a gente pegue um alimento que caiu no chão e o coma com segurança. Pelo menos, com menos nojo. Em 5 segundos, parece que as bactérias não fazem tanto estrago. Eu gosto de imaginar micro-organismos ocupados demais. Ou extremamente lentos. Até orgulhosos: "não vou me dar ao trabalho de infectar esse pedaço de pão dormido". Tomara que seja uma bactéria chata pra comer. "Pavooor de maçã verde!"
Existem estudos sobre essa regra, e chegaram à conclusão de que 5 segundos é um tempo aceitável em termos de contaminação. Claro que depende da limpeza do chão. Se cair na rua, complica. Já dentro de casa, espera-se que a sujeira seja leve. Sorte de quem está com a faxina em dia. Também depende da imunidade das pessoas que vão abocanhar o alimento resgatado da queda. A criançada come areia de pracinha e cresce com vitamina S de sujeira. Por que adultos ficam frescos pra tudo?
Nariz
Tem outro ponto importante que a regra dos 5 segundos ajuda a amenizar: o julgamento do grupo. Isso, sim, contamina bastante. Um torceu o nariz, já viu. Fica aquele climão no ar, o que pode demorar uma eternidade. Mas se alguém lembrar da regra e juntar rapidamente o alimento caído, essa atitude salva uma refeição. Nem precisa assoprar (e misturar bactérias do chão com as da sua saliva). É só citar a regra, fingir que contou até 5 e pegar a comida. Vida que segue, muda logo de assunto.
Passamos por isso no último churrasco. Que sábia decisão acreditar cegamente na regra dos 5 segundos. Se cair no carvão em chamas uma cebola ou pão com alho já desfalca o cardápio, imagina um vazio quase pronto voar no chão. A fome era tão grande que ninguém cogitou questionar a regra. Fomos velozes, e a carne voltou pro fogo só pra chamuscar possíveis invasores. Com vazio uruguaio não se brinca. Vai fazer churras no fíndi? Oba. Pra garantir, dá uma limpadinha extra no chão.