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Coluna da Maga

Magali Moraes: pés em cena

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

14/10/2022 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

A gente não se dá conta de como certas cenas vistas repetidamente no cinema colam feito Super Bonder no imaginário. Tanto que, ao assistirmos algo parecido acontecendo ao vivo, ficamos condicionados esperando o mesmo final. Mas será que a vida imita Hollywood? Se algum diretor estivesse escondido no nosso dia-a-dia gritando "Luzes, câmera, ação", a gente seria qual personagem na história? Protagonista com boas falas ou figurante ocupando um espaço vazio e fingindo naturalidade?

Esses dias, vi uma cena que foi a frustração da expectativa. Definitivamente, caí na armadilha cinematográfica. A vida real pode ser bem meia-boca (e engraçada por isso). O que você imagina quando vê um casal na mesa de um restaurante, e um deles tira o sapato? Hummmm. Hollywood (Netflix também) nos faz crer que algo apimentado vai acontecer: um toque inesperado na pessoa sentada ao lado ou na frente, um gesto ousado e provocante que indica paixão e uma noite arrebatadora. 

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Vício

Bom, já vou logo avisando. Servi de figurante nessa cena que poderia ter sido Hollywoodiana, só que não. Lá estava eu, sentada numa mesa ao fundo de olho em tudo (vício de colunista sempre em busca de assunto). Quando o tiozão tirou um tênis em pleno restaurante e, não satisfeito, tirou o outro pé pra fora, nada de insinuante aconteceu com sua esposa sentada em frente. Não era intenção de sexo, era conforto mesmo. Até porque encher a pança numa pizzaria complica as coisas depois.

O homem se sentiu tão à vontade que liberou geral. Nenhum pé se movimentou em direção a nada, mas juro que vi os dedinhos se mexendo satisfeitos. Ah, a liberdade! E assim ele ficou, comendo feliz, os pés roubando a cena. Tomara que o aroma da pizza tenha superado o do chulé. Talvez faça isso seguido, ousadamente. Viu no que dá adorar comédias românticas? A gente fica esperando o mesmo clima, e a expectativa se quebra em mil pedacinhos. Imagina se fosse o copo, e o louco descalço.



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