Capacitação
Os desafios e conquistas de jovens que integram o programa Nova Geração, do Instituto Caldeira
Iniciativa ocorre desde agosto e envolve 750 estudantes egressos de escolas públicas, com idades entre 16 e 24 anos
Expectativa é a definição do momento para os jovens que integram o Nova Geração. Com dois meses de programa, os participantes da primeira iniciativa de capacitação do Campus Caldeira, localizado no 4º Distrito, em Porto Alegre, já carregam uma bagagem de aprendizados e inspirações para o futuro. Dos cinco que foram entrevistados pelo DG há um mês, quatro seguem no curso e se preparam para o processo seletivo para a próxima etapa do programa.
O Nova Geração começou em agosto com 750 estudantes, que têm entre 16 e 24 anos e são alunos ou ex-alunos de escolas públicas ou bolsistas integrais em escolas particulares do Rio Grande do Sul. Até o final da última semana, as trilhas educacionais, que consistem em atividades ligadas ao mundo da tecnologia e da inovação, foram finalizadas. São cinco trilhas: de programação, oferecida pela Oracle, marketing digital da Google, de computação em nuvem da Amazon Web Services (AWS), de ferramentas de trabalho da Google e da Microsoft e de gestão de vendas da Salesforce.
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No próximo encontro presencial, no Campus Caldeira, no dia 8 de outubro, será realizada a seleção de 50 alunos, que formarão a turma da Geração Caldeira. Para a líder educacional do programa, Juliana Vieira, esta primeira edição do Nova Geração é um caminho que está sendo construído e que, até o momento, apresentou bons resultados, como a taxa de permanência dos alunos. Ela explica que na modalidade online, como funciona o programa, a taxa de evasão é alta, podendo chegar a até 95%. O que não é o caso do Nova Geração.
– Estamos com uma faixa de 50% de retenção dos alunos que ingressaram. O engajamento desses alunos é impressionante. Estamos fazendo vários eventos presenciais e online, e eles estão comprometidos, disciplinados e focados em terminar para conseguir entrar no Geração Caldeira – afirma a líder educacional.
Juliana explica que essa etapa será presencial, realizada no campus a partir do dia 17 de outubro, e os participantes passarão por treinamentos em atitude empreendedora, tecnologia, inovação e autoconhecimento, além da elaboração de um portfólio pessoal. Além disso, os integrantes terão uma bolsa financeira de auxílio.
A reportagem do Diário Gaúcho conversou novamente com cinco jovens apresentados na edição do dia 3 de setembro. Cada um deles relatou como foi as experiências do programa e também sobre o sentimento de continuar no Geração Caldeira.
Em encontros semanais no Campus Caldeira, Iasmim da Cunha Welter, 17 anos, e Marlon Maverick Vasconcelos Machado, 22 anos, aproveitaram para imergir no mundo da tecnologia. Eles participaram de palestras e dinâmicas que ampliaram perspectivas sobre suas carreiras. Ela é da trilha de marketing digital e ele, de programação.
– A gente fez muito networking e pôde ter contato com pessoas, muitos de fora (do Brasil). Recentemente tivemos uma palestra com os fundadores da Angry Birds, da Finlândia, foi algo muito legal – explica Iasmim.
Segundo a jovem, que é estudante do 3° ano do Ensino Médio na Escola Sesi-RS, em São Leopoldo, sair da escola e ir direto para a faculdade já não é a única alternativa para o futuro não tão distante.
– Aqui (no Caldeira), conhecemos um mundo de possibilidades, vemos caminhos de até ir para fora (do país), de abrir uma empresa e de quanto é importante esse perfil de liderança do jovem. Essa questão está sendo trabalhada, principalmente por causa do processo seletivo – relata Iasmim.
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Com a união da metodologia da escola onde estuda com experiências, como o Nova Geração, ela e duas colegas de sala de aula conseguem imaginar um projeto que, hoje, gostariam de desenvolver:
– Vimos possibilidades de desenvolver uma startup e temos ferramentas para isso. Uma startup totalmente tecnológica voltada para o meio educacional, com inserção da robótica. Talvez mude, mas agora essa seria uma vontade.
Já Marlon concluiu há um tempo, bem antes do prazo, as atividades da trilha de programação e agora espera a seleção do Geração Caldeira.
– Estou empolgado para ter essa chance de ter contato com as empresas e de ter mais conhecimento de como se portar no ambiente de trabalho, e outros assuntos que ainda vão ser trazidos. É bastante expectativa pela seleção – conta o jovem.
No último mês, ele frequentou, pelo menos uma vez na semana, a grupos de estudos no campus. Essas oportunidades fomentaram ainda mais o desejo de continuar no programa.
– É um ambiente aberto e, por isso, tem bastante circulação, dá para conhecer pessoas diferentes e trocar ideias – afirma.
É no marketing que Giovanni Chagas da Silva Junior, 19 anos, diz que se encontrou. Independentemente da seleção para continuar com o programa, ele conta que decidiu seguir na área.
– Essa é chance, nos preparamos nesse tempo para passar no processo (para o Geração Caldeira). Mas se não passar, não significa que não estou capacitado, talvez seja porque não fechou meu perfil, como foi explicado aqui (no Dia D Caldeira). Mas quero trabalhar e me profissionalizar no marketing digital, me identifiquei na área e vou focar nela. No momento, é a mais próxima da minha realidade – esclarece o jovem que, antes, também cogitava cursar Psicologia.
Ele conta que alguns conhecimentos já têm colocado em prática, como estratégias que contribuem para mais interação nas redes sociais:
– Eu e minha irmã estamos nos ajudando com venda de roupas online, principalmente pelo Instagram. Estamos conseguindo mais interação com pequenos detalhes.
Para José Otávio Ferreira Marques, 19 anos, o último encontro presencial trouxe convidados que o inspiraram, como a empreendedora Alyne Jobim. Ela compartilhou com os alunos parte de sua trajetória e desenvolvimento profissional.
– A palestra dela foi bem inspiradora porque deu para ver que podemos entrar no ramo da tecnologia mesmo sem ser deste meio antes. Ela trabalhava em loja. Não tinha nada de tecnologia na vida dela, mas foi estudando, se aprimorando, e hoje é empreendedora. Uma realidade mais parecida com a minha – diz o jovem.
No mesmo dia do encontro presencial do Nova Geração, um evento paralelo de apresentação de resultados do programa contou com a presença de representantes das empresas mantenedoras e parceiros do Campus Caldeira. Também estavam presentes algumas autoridades, como a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira. Na ocasião, alguns alunos relataram suas experiências a esses convidados. Um deles foi Otávio, que pôde trocar uma ideia com a secretária:
– Como eu curso Serviço Social, que tem relação com política, e ela é secretária, aproveitei o momento para fazer uma pergunta. Depois, sentei na mesa dela e conversamos muito sobre várias coisas.
Até o final da semana passada, Giovanni e Otávio ainda não haviam concluído a atividade para obtenção do certificado, mas ambos ainda tentavam entregar o material dentro do prazo.
Momento de investir em si
A passagem no Nova Geração fez Monique Moura Ferreira, a Nick, 19 anos, perceber quais são suas prioridades e planos para a carreira. Ela deixou o Nova Geração logo após a publicação da primeira matéria sobre os jovens. Segundo ela, a decisão partiu de vários fatores, mas principalmente por problemas de saúde. No entanto, ela segue buscando oportunidades de obter conhecimento e profissionalização. Nick gosta e tem prazer em aprender, como ela mesmo conta, e continua atuando em atividades do Centro da Juventude, na Restinga, bairro onde reside.
– Agora dedico mais tempo à minha arte e vou investir em mim. Me reaproximar do que gosto – conta.
Nick escreve poesias e músicas desde os 11 anos. Suas composições se encaixam com o rap, o gênero musical que ela mais escuta. Entre os próximos passos, deseja produzir vídeos de suas composições para começar a publicar em redes sociais. Mas além de cuidar da carreira artística, a jovem está à procura de espaço no mercado de trabalho:
– Quero um estágio ou uma vaga de jovem aprendiz, algo que possa me deixar com tempo para os estudos e para mim. Estudar, cuidar do físico e da vida artística são as minhas prioridades. Não me vejo sem a arte e estudos porque o que eu realmente quero é trabalhar com educação.
Do Caldeira, ela mantém relações que construiu dentro do programa:
– Além dos aprendizados, dos sites e ferramentas que eu conheci, tem as pessoas com quem eu ainda posso trocar ideias.