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Meio Ambiente

Projeto oferece visitas guiadas que incentivam consciência ambiental em Porto Alegre

Escolas de Viamão e da Capital participam de encontros orientados gratuitos no CEA Bom Jesus e na Ecobarreira do Arroio Dilúvio

20/10/2022 - 07h00min


Kênia Fialho
Kênia Fialho

Conscientizar sobre a importância da educação ambiental. Esse é o objetivo da série de visitas guiadas que estão sendo oferecidas pela equipe da Ecobarreira Arroio Dilúvio. A iniciativa é uma realização do Instituto Safeweb, com patrocínio da Braskem, em parceria com o Centro de Educação Ambiental da Bom Jesus. As visitas são destinadas a escolas públicas de Ensino Fundamental ou Ensino Médio. O projeto teve início em 2018, quando foram realizados sete encontros. Em 2019, foram 14 visitas e este ano devem ocorrer 18. Cerca de 680 estudantes já foram impactados com a atividade.

A reportagem pôde acompanhar a visita guiada dos alunos da turma do 6º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) São Tomé, de Viamão, realizada no dia 5 de outubro. O passeio começa no Centro de Educação Ambiental (CEA) Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre

Lá, os alunos aprendem sobre a maneira correta de descartar resíduos e realizam a visita à Unidade de Triagem (UT) que funciona dentro do centro há 25 anos. Luiz Henrique de Lima, representante do CEA, recepciona os alunos e faz uma apresentação dos projetos desenvolvidos no local. Para Luiz Henrique, a importância da atividade se dá pela oportunidade de conscientizar as gerações futuras:

— Eu acredito que esse projeto terá resultado no futuro, com essa gurizada. É uma educação basilar que vai refletir em suas vidas adultas.

A maioria dos alunos nunca havia estado em uma unidade de triagem. Na visita, puderam conhecer e conversar com trabalhadores do local. Os alunos também tiveram a oportunidade de ver, e de sentir o mau cheiro, dos rejeitos depositados em um contêiner. Nesta etapa, eles são convidados a refletir sobre a quantidade de materiais como isopores, plásticos, tecidos e vidros que poderiam estar gerando renda mas que não foram aproveitados por estarem misturados e sujos. 

A estudante Raissa Machado, 14 anos, conta que o que mais gostou do passeio foi ter a oportunidade de ver o cuidado que os recicladores têm na hora de separar os materiais. Raissa destaca, ainda, quais práticas ela e os familiares costumam adotar em casa:

— Nós sempre separamos garrafas para os recicladores que passam por lá pedindo. Também separamos tampinhas de garrafas PET, caixas de leite e o lixo orgânico.

Sobre o arroio 

Com nascente no Parque Saint Hilaire, em Viamão, o Arroio Dilúvio possui 12 quilômetros, passando pelas cidades de Viamão e Porto Alegre. Mas o córrego, onde antes a população poderia se banhar e beber a água, diariamente é impactado pelo descarte irregular de resíduos. Durante a apresentação de Henrique, olhares surpresos são trocados quando é revelado que o lixo depositado no arroio chega ao mar e pode matar os animais marinhos. 

Além das explicações, durante a apresentação inicial, os estudantes puderam tocar em potes e telhas feitos a partir de resíduo têxtil. Tatiane Caleffi, uma das professoras da turma, explica que esse tipo de atividade pedagógica é essencial para contribuir com o aprendizado dos alunos sobre sustentabilidade:

— Eles se tornam multiplicadores desses conhecimentos. Aqui eles aprendem sobre o ciclo de existência do que costumamos chamar de lixo; conhecem como fazer a destinação correta e como contribuir para o cuidado do meio ambiente.

Os alunos também aprenderam conceitos como logística reversa, que busca entender como operacionalizar o retorno do resíduo ao ciclo produtivo. Vitor Silveira, 12 anos, conta que estava bastante ansioso para que chegasse o dia da atividade:

— Quero entender mais sobre esse caminho que o lixo faz. Nessa primeira parada, já aprendemos sobre o processo feito na coleta seletiva. Na minha casa, separamos às vezes. Agora, quero separar mais.

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Após aprender sobre os diferentes tipos de resíduos, a gurizada foi conhecer a Ecobarreira do Arroio Dilúvio

Mais de 930 toneladas de resíduos retidos

Em 2016, o Instituto Safeweb implementou a Ecobarreira do Arroio Dilúvio, que tem por objetivo coletar o material flutuante que passa pelo arroio. A estrutura pode ser vista por quem passa nos dois sentidos da Avenida Ipiranga, próximo da Avenida Borges de Medeiros. Segundo o idealizador da iniciativa, Luiz Carlos Zancanella Junior, a barreira impede que cerca de 400 quilos de resíduos sejam despejados no Guaíba por dia. Em dias de chuva, essa quantidade fica ainda maior, chegando a uma tonelada. 

A ecobarreira funciona com módulos plásticos. Assim, todo o resíduo que fica a até 20 centímetros abaixo da água é retido. Depois disso, esses materiais vão para uma espécie de gaiola, de onde são retirados e destinados para o descarte correto.  Desde a instalação da barreira, o cronômetro que fica na instalado no local já registrou a retenção de mais de 930 toneladas de resíduos como pneus, garrafas PETs, plásticos, isopores, pedaços de madeira, móveis, roupas e até mesmo capacetes. 

Luiz Carlos conta que o custo mensal da estrutura é de, aproximadamente, R$ 25 mil. Hoje, o equipamento é mantido por empresas parceiras. O estudante Gustavo da Silva, 12 anos, terminou a atividade refletindo sobre como a população tem responsabilidade quanto a tudo que é descartado: 

— Eu achei muito interessante essa atividade para aprender sobre como utilizamos tudo que vai fora no dia a dia, em como descartamos. Nós é que causamos toda essa poluição. Tudo o que fazemos influencia.

SERVIÇO

/// A atividade conta com ônibus, que busca os alunos na escola e retorna após a visita.

/// As escolas que tiverem interesse em participar das visitas guiadas podem enviar e-mail para contato@temosproposito.com.br.



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