Direto da Redação
Danton Boatini Júnior: "Criançada na torcida"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
A eleição nem bem ficou para trás e já estamos às vésperas do outro grande evento do ano: a Copa do Mundo do Catar. Na última segunda-feira, o técnico Tite convocou os 26 jogadores que irão em busca do hexa na competição que se inicia no dia 20.
Tenho ouvido muita gente dizer que, por razões diversas, não irá torcer pela Seleção neste mundial. Não há nada de errado nisso. Ninguém é obrigado a vibrar pela amarelinha, e o fato de não se entusiasmar com o futebol não pode ser considerado um ato antipatriótico. Mas vejo que, pelo menos para as crianças, a Copa do Mundo continua com sua magia inabalada.
Lembro que eu tinha nove anos na Copa de 1994. Para um guri dessa idade, nada é mais importante. Foi um mês inteiro vidrado em frente à TV acompanhando as jogadas de Romário, Hagi, Stoichkov, e até de um já decadente Maradona. Sem exageros: cheguei a sonhar com as partidas. E o melhor: logo na primeira copa que eu acompanhei, o Brasil saiu campeão.
Comemorei o penta, em 2002, mas já sem a empolgação daqueles tempos de criança. A Copa do Mundo é muito melhor quando se tem nove anos. Para uma criança, o torneio tem algo de magia, que começa meses antes com o ritual de preencher o álbum de figurinhas.
Muito além da disputa dentro de campo, acredito que o evento pode representar lições valiosas nessa idade. Como aprender a lidar com as frustrações em caso de derrota (afinal, haverá uma nova oportunidade daqui a quatro anos), sem contar o quanto se aprende de geografia e cultura dos povos.
Lembro de ter ouvido foguetório após a derrota do Brasil para a Bélgica, em 2018. Fiquei me perguntando o motivo. Adultos comemoravam aquilo que, para uma criança, é uma tragédia. O último título brasileiro foi há 20 anos. Há toda uma geração que ainda não viu o Brasil ser campeão. Quem sabe no Catar? Que as crianças façam a festa.