Coluna da Maga
Magali Moraes: tudo passa
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Agora que já é praticamente final de ano, eu te pergunto: você tem observado a vida passar? Não apenas a sua, mas tudo que pulsa ao redor. Quem costuma olhar só para o próprio umbigo perde cenas engraçadas, emocionantes e até intrigantes (como um buquê lindo jogado no lixo). Cada pessoa desconhecida que passa por nós na rua traz junto de si um mundo à parte. Já quero adivinhar nome, profissão, signo, sabor preferido da pizza, que tipo de música ouve, o emoji que mais usa no WhatsApp.
Observar outros seres humanos em ação é quase um passatempo. Tá roendo a unha por quê? Sorriu falando no celular, com quem será? O que passa pela cabeça daquele ali olhando pro nada? Passeando com o cachorrinho pela primeira vez? Assobia de feliz ou por costume? Caminha rápido pra não se atrasar ou pra fugir dos problemas? Tudo passa, pode apostar. Vai na janela abrir o vidro? Respira o ar e a vida lá fora. Senta numa mesinha de rua, pede um café e observa o vai e vem do bairro.
Vaso
Esses dias, enquanto eu esperava uma carona na frente do meu prédio, reparei em uma senhora que estacionou no outro lado da rua e saiu toda arrumada, com um vaso de flores. Parecia ser uma visita importante. Alguém convalescendo? Uma amiga de aniversário? A tal senhora passou por mim e seguiu decidida. Cinco minutos depois, voltou com o vaso. Entrou no carro e foi embora. Como assim?! Se arrumou à toa e não tinha ninguém em casa? Errou a data da visita? Acontece, e é constrangedor.
Fiquei sem saber o final da história. Tudo passa, tomara que aquele vaso tenha chegado ao seu destino. Logo mais outra cena cotidiana chama a atenção. Caminhão de mudança estacionado de portas abertas: vai dizer que você não dá uma espiadinha nos móveis e imagina como são os moradores? Também tem as lojas que fecham e as novas que abrem no mesmo lugar. Passa na frente pra conhecer. Tudo que passa embaixo do nosso nariz pode ser percebido. E ganhar um significado.