Direto da Redação
Michele Pradella: "É quase Natal, e o que você não fez?"
Todas as quartas-feiras, jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Chegou aquela época do ano em que não há como ficar imune ao clima que toma conta das vitrines, decorações de shoppings, programação de TV e supermercados. Os panetones estão em destaque nas prateleiras.
Ao passar por um Papai Noel sentadinho em sua poltrona, rodeado por crianças inquietas, certamente você pensou: “Nossa, é quase Natal!”. E, dessa constatação, começa uma crise existencial típica dos finais de ano. No alto-falante das lojas, a cantora Simone pergunta: “Então é Natal, e o que você fez?”. Mais do que uma canção tradicional dessa época, parece uma cobrança, como se tivéssemos a obrigação de ter realizado grandes feitos nos mais de 300 dias que ficaram para trás. Calma, respira e vem comigo.
Outra perspectiva
Que tal, ao invés de pensar nas promessas não cumpridas, começarmos a nos parabenizar pelas coisas realizadas em 2022? Afinal, foi o ano mais “normal” desde o início da pandemia. Então, voltemos ao exercício que Simone propõe na tal música: o que você fez ou voltou a fazer neste ano? Eu começo.
Nos últimos meses, segui à risca a rotina de exercícios físicos e voltei a estudar inglês. Tudo online, sem risco de ter preguiça de sair de casa ou usar a chuva como desculpa. Revi e abracei amigos que não encontrava havia pelo menos dois anos. Risadas, conversas e desabafos foram o melhor combustível para seguir em frente.
Aproveitei ao máximo cada momento em família. Olhei nos olhos das pessoas mais queridas e disse o quanto as amava. A pandemia me ensinou que a vida é um sopro, nunca se sabe quando será o último abraço. Então, abracei, beijei, toquei, sorri e chorei com aqueles que fizeram tanta falta durante o isolamento.
Finalizo te perguntando, mas sem cobrança: é quase Natal, e o que você fez? Responda a si mesmo e valorize os preenchimentos, não as lacunas.