Seu Problema é Nosso
Na Ilha da Pintada, Vó da Reciclagem precisa de ajuda para arrumar Kombi
Automóvel era usado para trabalho e está sem funcionar desde a enchente de 2015, uma das maiores a atingir a região desde 1941
O desejo da recicladora Maria Ana Ávila Macedo, 70 anos, conhecida como Vó da Reciclagem, é consertar a Kombi da família. O automóvel era usado para trabalho e está sem funcionar desde a enchente que atingiu a Ilha da Pintada em 2015, uma das maiores da região desde 1941.
O veículo precisa de reparos na lataria, motor e pneus para voltar a funcionar. Como a família depende apenas da reciclagem para sobreviver, não sobra dinheiro para o conserto do veículo. Devido a isso, Maria pede apoio.
– Essa Kombi vale uma fortuna para nós. Nos garantia mais comida, mais roupa, mais material escolar. Ela proporcionava que fizéssemos reciclagem não apenas na Ilha da Pintada, como também em outras cidades. De Kombi, já fomos até Eldorado do Sul trabalhando – explica a Vó da Reciclagem.
Trajeto
Maria já é conhecida pelas páginas do DG. Em 2011, o jornal contou sua história e a de leitores que a ajudaram a repaginar a carrocinha de reciclagem que ela tinha – à época, velha, enferrujada e com o toldo furado. Anos depois, a catadora sofreu um acidente com a carroça. Na ocasião, trincou três costelas e perdeu o cavalo que usava na condução.
Sensibilizado com a situação, o vizinho Carlos dos Santos, 77 anos, doou para a família a Kombi que, hoje, Maria quer consertar. Antes, o veículo era usado por ele para vender cachorro-quente na rua.
“Conseguíamos recolher mais”, diz Maria
Maria perdeu as duas pernas devido à diabetes. Mesmo assim, trabalha todos os dias na reciclagem. Seja saindo na rua de cadeira de rodas com a ajuda de uma das filhas, Carla Graziele de Ávila, 42 anos, para catar sucata, ou em casa, sentada no chão, amassando os materiais com as mãos.
A filha é o seu maior apoio. As duas cuidam de quatro crianças, entre netos e sobrinhos. A maior parte do sustento da família vem das andanças de Graziele, que utiliza um reboque improvisado para trabalhar arrecadando materiais recicláveis.
Para a dupla de mulheres, a Kombi garantia uma vida melhor, porque permitia a coleta de mais materiais com menos esforço físico. O veículo também ajudava na mobilidade de Maria, que pegava carona com os filhos para diversos lugares.
– Foi um momento muito bom. Conseguíamos recolher mais materiais e levar mais dinheiro para casa. Tudo o que temos em casa foi achado na reciclagem, de móveis a colchões. Com a Kombi, conseguíamos pegar também essas coisas maiores na rua – relembra.
Cadeira de rodas motorizada também é sonho
Dentro de casa, tecidos são dispostos pelo chão. É se arrastando entre os panos que Maria se locomove. Ela, que não gosta de depender da filha, faz o que pode sozinha e tenta adaptar suas tarefas para ser mais independente. O sonho da catadora é conquistar mais mobilidade para ter mais liberdade, seja com a cadeira de rodas motorizada, seja com a Kombi consertada.
– Quero sair e ver as pessoas que já não vejo há muito tempo. Quero buscar materiais em outras cidades – deseja.
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Saiba como ajudar
/// Doações podem ser combinadas com a família pelo telefone (51) 98420-2983.
/// No caso de quem quiser ajudá-las, Maria e Graziele convidam a visitar a Kombi e a casa delas, na Rua Nossa Senhora da Boa Viagem, 772, na Ilha da Pintada.
Produção: Júlia Ozorio