Dados do IBGE
Brasil tem aumento recorde da extrema pobreza em 2021, com cerca de 17,9 milhões na miséria
Escassez de recursos é maior entre pretos, pardos e moradores do Norte e do Nordeste
O ano de 2021 teve agravamento da situação de extrema pobreza entre os brasileiros. O percentual de pessoas vivendo com escassez de recursos subiu em relação a 2020, chegando a 8,4% da população no ano passado, ou 17,9 milhões de pessoas. É o maior nível desde o início da série, em 2012, quando 6% da população era considerada extremamente pobre.
Os dados fazem parte da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (2), e trazem um retrato das condições de vida da população.
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Para efeitos de análise, o IBGE considera o conceito de pobreza monetária, ou seja, indicador que mensura o número de pessoas abaixo de um determinado limite de renda. Segundo definição do Banco Mundial, a linha de extrema pobreza está fixada atualmente em U$S 1,90 por dia (cerca de R$ 168 mensais per capita). Para pobreza, a régua é U$S 5,50 por dia.
A pesquisa também mostra que houve aumento da pobreza no país. A parcela de pessoas que vivem com menos de US$ 5,50 ao dia chegou a 29,4% da população em 2021, somando um contingente de 62,5 milhões de pessoas pobres. A taxa é 5,3 pontos percentuais superior a 2020. Naquele ano, os programas emergenciais de transferência de renda, diante da pandemia, ajudaram a segurar o aumento da pobreza.
O retrato da desigualdade traz diferenças regionais. Em 2021, praticamente todas as regiões do país tiveram aumento da extrema pobreza. Porém, o crescimento foi mais intenso no Norte e no Nordeste, com variações acima dos demais locais. Na região Norte, a proporção de extremamente pobres passou de 8,5% para 12,5%, enquanto na região Nordeste subiu de 10,4% para 16,5%. A proporção de pobres também foi maior nessas regiões, abarcando 48,7% da população em 2021.
Já a proporção de pobres na Região Sul foi a menor do País, chegando a 14,2%, ainda que acima do dado de 2020.
Os extremos se confirmam também na análise por Estados. O maior nível de extrema pobreza está no Maranhão, com 21,1% da população nessa condição. Mais da metade (57,5%) está abaixo da linha da pobreza. Enquanto o Rio Grande do Sul tem uma das menores taxas: 2,8% são extremamente pobres e 13,5% são pobres.
Desigualdade é maior entre pretos e pardos
Pessoas pretas ou pardas representavam mais de 70% dos pobres e extremamente pobres no Brasil em 2021. Enquanto 11% dos extremamente pobres eram pretos e pardos, 5% eram brancos. Entre os pobres, 37,7% eram pretos ou pardos e 18,6% eram brancos.
A desigualdade é ainda maior considerando o sexo, além do critério de cor ou raça. A configuração domiciliar formada por mulheres pretas ou pardas responsáveis pela casa, sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos, também foi a que concentrou a maior incidência de pobreza extrema (29,2%) e de pobreza (69,5%).