João tem 10 anos e está na quarta série do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Porto Alegre. Não sabe ler nem escrever textos singelos. Operações matemáticas, mesmo as mais simples, são intransponíveis. Com essa idade, já deveria estar alfabetizado e ser capaz de resolver continhas de somar, diminuir, multiplicar e dividir. A pandemia dilacerou os primeiros anos de vida escolar de João. Ninguém tem culpa pelo vírus, todos temos responsabilidade de resgatar João. Se não for ajudado agora, o colégio o perderá ali adiante para qualquer passatempo ou para atividades mais perigosas, como o crime. Quem vai ajudar João?

Estamos vivendo um momento em que governos eleitos, no Estado e no país, debatem projetos, buscam recursos para cumprir promessas e escolhem nomes para comandar ministérios. No Rio Grande do Sul, a tendência é de continuidade da secretária Raquel Teixeira. 

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O prosseguimento de um projeto é algo inovador no Estado, ela fala em implantar dezenas de escolas de Ensino Médio em tempo integral e em ter mais rapidez no conserto de prédios escolares. Boas iniciativas, mas insuficientes para recuperar o tempo que perdemos com as aulas remotas, que na escola pública foram mais ilusão do que realidade. O prejuízo está consumado. E agora, quem vai ajudar João?

Na formação do governo federal, educação é um tema que não ganha as manchetes dos jornais e as reportagens da TV. Só se fala em ministro da Defesa, realmente importante, da Economia, sem dúvida, fundamental, mas não há um debate nacional em torno do nome de quem será ministro da Educação. 

Quem comandará os recursos do ensino vai ser responsável por administrar universidades, institutos federais, programa de livros didáticos, Enem, merenda escolar, entre outros. Mas, mais do que isso, será o homem ou a mulher capaz de levar o Brasil para o futuro. Antes disso, terá de tirar o nosso país da pré-história da educação, na qual um menino de 10 anos não sabe ler nem escrever. Quem vai ajudar João?