Coluna da Maga
Magali Moraes: vem, vento
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Que seja ventinho ou ventão. A partir de agora, com o calor chegando pra ficar, qualquer ar em movimento é valioso. Pense bem antes de reclamar que está ventando. Melhor seria engarrafar qualquer vento refrescante pra usar depois. Me inspirei no ventinho delicioso que, nesse momento, sacode a minha franja. Na cidade, mormaço dos infernos. Aqui na praia, brisa gostosa. Brisa, que sempre significou ventinho suave, agora é nome de protagonista de novela. E gíria pra divagar e curtir.
Só vento do pastel de vento não é bom. A pessoa quer abocanhar muito recheio, e o que a mordida revela é um sopro morno e aquele vazio. O fundo da massa ali te olhando. Já o vento que seca logo a roupa é a alegria dos donos de casa. Se espantar a umidade, os alérgicos agradecem. Casa arejada, privilégio e saúde. Arejar a cabeça, também. Quando o clima pesa ou o cansaço pega, vai dar uma voltinha pra ventilar as ideias. Que o vento leve embora suas preocupações.
Ameno
Pode levar junto as nuvens no céu. Combo perfeito: sol e ventinho ameno. Sabe um vento que nunca é consenso? O do ar-condicionado. Empurra pra cima, vira pro lado. Exagerados dirão que lá vem pneumonia. Casais discutem pela temperatura que contente os dois lados. Calorentos e friorentos, a última batalha na face da Terra. E vento de ventilador, agrada a todos? Nem sempre ele dá conta, mas resolve. Em calorão de menopausa, tá valendo até vento de leque.
Tem um vento que significa amor e cuidado: é aquele que as mães fazem soprando joelhos machucados e colheradas quentes de comida pra não queimar a boca dos anjinhos. Nesse dossiê do vento que se tornou essa coluna, não posso esquecer do vento representado em ditados populares. “Quem semeia vento colhe tempestade”. Dramático demais, você não acha? Prefiro esse aqui: “Que os bons ventos tragam boas novas” (em diversas versões positivas). Não sendo vendaval, que assusta e destrói, qualquer vento é bem-vindo.