Papo Reto
Manoel Soares: "Pai Noel"
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Chega um momento na vida adulta em que a conta não fecha. Tudo que acreditamos, as vezes parece não bastar, e vivemos por viver. Levar comida para casa, pagar as contas e cuidar dos nossos filhos acabam sendo as únicas metas. É como se os sonhos tivessem nos abandonado. E isso acontece independentemente da classe social. Se o cara é rico, começa a comprar um monte de coisas que não precisa para tentar preencher o vazio. Se for pobre, começa a beber, fumar, varar as noites e fazer todo tipo de bobagem que traz o risco de morte para que se sintam vivos.
Nessa hora, temos que viver os sonhos de nossas crianças, renunciar a nossa maturidade e se permitir encantar, emocionar e acima de tudo acreditar. Meu pequeno Ezequiel, de quatro anos, acredita em algo que eu nunca acreditei: Papai Noel. Nunca em nossa família tivemos essa tradição e tenho todos os argumentos para provar que o Natal é uma invenção, mas nenhum desses argumentos servem para ele.
Leveza
Quando uma criança autista que não fala quase nada, aponta para um boneco e diz: Pai Noel. Algo de mágico acontece em meu peito. É um brilho perdido que volta a existir. As convicções baseadas nas razões caem por terra. Desejo a você nesse Natal que a selvageria da vida adulta seja substituída pela leveza e suavidade de uma criança que acredita em Papai Noel. E que essa crença se expanda para as demais áreas da sua vida e aos poucos os seus objetivos sejam alcançados.