Tu, que estás lendo o DG agora, não deves ter retirado a guirlanda da porta, nem desmanchado o pinheirinho de Natal. Diz a tradição que as decorações voltam para o armário somente no Dia de Reis, em 6 de janeiro. Toda essa função me traz a nostalgia de guri, lá na Vila Cecília, em Viamão: a montagem do presépio, o algodão que imitava a neve (mesmo com 40 graus na rua), a árvore crescendo com cada galho encaixado. E o Papai Noel de chocolate? Alguém “comi” muitos, não sei quem “fui”. Confesso, era um momento tão gostoso que concorria com o também aguardado presente – desde que não fosse panetone de fruta, meia ou cueca. 

O grande desafio, lembro bem, era fazer funcionar o pisca-pisca: como comprávamos nas famosas lojinhas de R$ 1,99, as lâmpadas não eram, digamos, uma Brastemp. Queimavam quase na velocidade com que deveriam acender e apagar. O jeito era estocar dois ou três kits e substituir as estragadas. Pensando bem, seria mais inteligente investir uma vez só em um produto de qualidade. Mas aí não teria a mesma graça.

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“Amo todos igual”

Meus pais têm cinco filhos, nove netos e dois bisnetos. Além de noras, genros e, pasmem, agregados dos meus sobrinhos (tô velho). Não vou nem dizer que sou tio-avô. Pensa quando junta todo mundo. Meu Deus, coitados dos vizinhos. É uma gritaria. Desde 2021, o domingo das nossas festas perdeu a Adriana, esposa do meu irmão Selso, que não resistiu à covid-19. E ela só tinha 42 anos. Como faz falta a risada alta da Adriana!

Para não dar mais briga, desde muito tempo atrás estipulamos que a troca de lembranças ocorre só pelo Amigo Secreto. Mas a minha mãe acha uma brecha na lei: doa uma caixa de bombom pra um, um saco de merengues pra outro, um pijama e regata pros casais… Sempre dizendo: 

– Não conta pra ninguém, pra não dar ciúmes. Amo todos igual.

Desculpa, revelei teu segredo, mãe. Agora a família já sabe quem são os favoritos da dona Maria. Será que eles vão se entregar?