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Baixa procura por doses de reforço faz governo estadual investir em nova campanha de vacinação e ações no litoral do RS

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, cerca de 5 milhões de doses de reforço estão em atraso no Estado

06/01/2023 - 09h39min

Atualizada em: 06/01/2023 - 09h39min


Vinicius Coimbra
Vinicius Coimbra
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Jefferson Botega / Agencia RBS
Estatísticas estaduais mostram que 7% dos 11,4 milhões de gaúchos nem sequer buscaram a primeira imunização

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) deve apostar em uma nova campanha de vacinação contra a covid-19 e ações no litoral gaúcho para melhorar a cobertura vacinal no Rio Grande do Sul. As medidas ocorrem em um momento de preocupação com a baixa procura por doses de reforço.

A secretaria estima que 3 milhões de imunizantes precisam ser aplicados como primeiro reforço (ou terceira dose) e outros 2 milhões como segundo reforço (ou quarta dose) na população gaúcha.

As estatísticas estaduais mostram que 7% dos 11,4 milhões de gaúchos nem sequer buscaram a primeira imunização, e outros 5,6% estão com a segunda aplicação atrasada. No Estado, a quarta dose está disponível para indivíduos a partir de 18 anos e vacinados há pelo menos quatro meses, e foi aplicada em 18% do público, segundo dados da SES desta quinta-feira (5). Veja no infográfico a situação da cobertura vacinal no RS:

Marcelo Vallandro, diretor adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), diz que o governo estadual trabalha em uma nova campanha para estimular a vacinação, que será divulgada nos meios digitais do poder público e em veículos de comunicação.

— A baixa procura pelas doses de reforço é um dos motivadores da nova campanha. Em determinado momento, as pessoas perderam o cuidado, pensando que a pandemia acabou. Um dos pontos (da campanha) é fazer com que a população volte a entender que é importante estar com as doses em dia, completar o esquema vacinal — diz.

Ele não detalha como será feito o trabalho de conscientização, mas diz que a iniciativa deve começar na próxima semana. Somado a isso, Vallandro afirma ainda que o governo estadual terá iniciativas nos municípios litorâneos para tentar melhorar os índices de vacinação. Segundo ele, a covid-19 será um dos focos das ações da Operação Verão, iniciativa que ocorre todos os anos com acréscimo no efetivo de servidores estaduais no litoral gaúcho.

— A questão da vacinação da covid é algo que reforçamos para que seja intensificado nesses meses no litoral, pelo aumento do fluxo de pessoas. Sempre disponibilizamos mais doses para os municípios da região porque as pessoas não residentes vão para lá, e isso tende a aumentar a procura. Será um dos temas trabalhados em parceria com os municípios — ressalta.

A cobertura vacinal no Estado fica acima dos 80% quando analisada a adesão às duas primeiras doses. No entanto, o indicador cai para 55,2% no caso da procura pela terceira. Segundo Marcelo Comerlato Scotta, infectologista pediátrico do Hospital Moinhos de Vento, dois fatores causam a redução do interesse pelas doses de reforço: um é o enfraquecimento da sensação de medo da população frente ao momento da pandemia, no qual são contabilizadas menos mortes e casos mais leves da doença. O outro está ligado à ideia de que uma pessoa infectada está livre de novas contaminações.

— É um conceito equivocado de que o sujeito depois que pega covid fica imune, porque sabemos que a infecção não confere imunidade completa. Ele pode se reinfectar, sim.  Em um momento em que ninguém tolera mais distanciamento social e máscara, a única medida que se pode acrescentar para reduzir o risco é a vacinação: ela é um meio de manter essa vida normal que estamos vivendo — completa.

Desde o início de 2022, o governo do Estado segue diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) ao considerar que o esquema vacinal básico prevê três doses, e não apenas duas, como nos primeiros meses da pandemia. 

Esse é um entendimento fundamentado em levantamentos que mostram redução no número de mortes e casos graves em populações imunizadas com doses de reforço. O Estado é um exemplo: no ano passado, um estudo feito pela Secretaria Estadual da Saúde indicou que o esquema vacinal completo, com dose de reforço, evitou a morte de 4.722 pessoas em um ano no Rio Grande do Sul.

— Mesmo a vacina sendo baseada nas variantes originais, ela reduz o risco de complicações, mesmo com a circulação da Ômicron e subvariantes. O objetivo principal das doses de reforço é manter o indivíduo com anticorpos e imunidade mais ativada contra o vírus, para reduzir o risco de internação e óbitos — comenta o infectologista pediátrico do Hospital Moinhos de Vento.


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