Estiagem
Corsan prevê normalização da cor e do gosto da água nesta semana após medidas serem adotadas no Rio Gravataí
Segundo a companhia, alteração ocorre devido ao baixo nível e à proliferação de algas
A falta de chuva tem impactado no nível dos mananciais em todo o Estado e, consequentemente, na captação de água por parte da Corsan. Nos últimos dias, moradores da Região Metropolitana têm relatado que a água que sai das torneiras tem gosto, cor e cheiro.
Segundo a Corsan, a explicação passa pelo baixo nível dos mananciais, principalmente do Rio Gravataí. Quando isso acontece, há proliferação de algas, que alteram o gosto, o cheiro e a cor e demandam a necessidade de maior uso de carvão ativado e de cloro.
A Corsan reconhece o problema e prevê que, ainda nesta semana, a situação será normalizada, em razão de medidas adotadas no Rio Gravataí.
— A tendência é de que diminua muito com o passar dos dias, porque, em questão de dois dias, a gente ganhou meio metro de nível. Então hoje já está positivo. Não estamos mais no "volume morto". Isso deve cessar esse problema de cheiro e gosto. Se não for hoje (quarta-feira), amanhã (quinta), com certeza nesta semana cessa. Porque os níveis estão subindo com a série de operações para liberar mais água chegando ao nível do Rio Gravataí — projetou o diretor de Expansão da Corsan, André Borges, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade desta quarta-feira (25).
Uma das medidas adotadas recentemente no Rio Gravataí é a limpeza do canal do Departamento Nacional de Obras e Saneamento, que foi iniciada no último fim de semana. Atualmente, o canal do departamento, com sete quilômetros de extensão, tem a vazão prejudicada por vegetação e areia.
Além disso, quando o nível está muito baixo, a Corsan bombeia água de um ponto mais profundo do rio para o local de captação, para que o serviço seja facilitado. Segundo Borges, as medidas já estão dando resultado.
— A água do canal já está chegando no Rio Gravataí. A gente já teve uma subida no nível de mais de meio metro, e isso faz com que todos esses problemas de proliferação de algas diminuam muito.
O diretor garante que a água, mesmo com cheiro e cor alterados, é própria para consumo. Mas admite ser desagradável. Por isso, a recomendação é que os usuários façam o expurgo da água.
— É desagradável a gente tomar uma água com cor. Mas, no momento em que estiver assim, deixa-se expurgar, e logo em seguida vira cristalina. Nesse caso, abra a torneira e espere uns instantes, que a água cristalina vem em seguida.
Borges afirma que situação como a desta temporada de estiagem só foi vista em 2005 e, por isso, recomenda o uso racional da água. Os moradores devem evitar banhos longos e lavar calçadas e carros.
A longo prazo, a Corsan e o governo do Estado planejam a execução de 13 microbarragens no Rio Gravataí, para que a água seja mantida no rio e não desague toda no Guaíba. Paralelamente, são feitas limpezas e desassoreamentos de canais.
Água alterada
A dona de casa Cláudia Chidem, 52 anos, moradora do Centro de Viamão, assustou-se ao recolher galão de água na manhã de terça-feira (24): o líquido estava preto. Ela conta que houve falta de água na noite de segunda-feira, o que pode ter impactado na cor, mas diz ter ficado surpresa.
— Não tinha cheiro de nada, mas nem coloquei a boca. Não provei. A situação se normalizou ao longo do dia, e agora está normal. Pelo menos tenho caixa d'água, então conseguimos ficar com a água normal dentro de casa — relata.
Também em Viamão, a operadora de telemarketing Sandra Maiele, 28, diz que a água tem um tom amarelado há mais de 10 dias no bairro Santo Onofre. Isso obrigou a família a comprar água para consumo.
— Além de amarelada, tem cheiro e gosto ruim. Fomos obrigados a começar a comprar água, porque não tem como beber. Uso só dentro de casa, para outras atividades.
Em Esteio, o aposentado José Luís dos Santos Silveira, 58, também tem notado o problema no bairro Parque Amador. Ele relata que o líquido da caixa d'água tem sempre um tom amarelo.
— Limpei minha caixa na semana passada e, no terceiro dia, já estava amarela de novo. Não tem cheiro nem gosto, mas está amarela, impossibilitando para lavar roupas brancas, principalmente. E minha rua é no final de linha, então é sempre afetada — lamenta.
Segundo a Corsan, a água distribuída é tratada e monitorada, atendendo ao padrão de potabilidade estabelecido pelo Ministério da Saúde. O monitoramento realizado inclui os episódios de florações de água. Os resultados das análises realizadas são enviados às Vigilâncias Sanitárias Municipais e Estadual, e também ao Ministério da Saúde.
O serviço de verificação de qualidade da água no imóvel deve ser solicitado por meio do site ou aplicativo da Corsan, ou pelo telefone 0800 646 6444.