Direto da Redação
Danton Boatini Júnior: "Para que não se repita"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Nesta sexta-feira, completam-se 10 anos do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. A tragédia tirou a vida de 242 pessoas e deixou centenas de feridos depois que um artefato pirotécnico foi aceso dentro da casa noturna.
Naquela madrugada de 27 de janeiro de 2013, o Brasil acordou com a notícia de que centenas de sonhos haviam sido interrompidos. Aquelas vidas perdidas eram muito mais do que números. A trajetória das vítimas havia sido brutalmente interrompida justamente enquanto estavam em plena juventude, cheios de planos para o futuro, com a inquietude característica de quem está na casa dos 20 anos - faixa etária da maioria dos frequentadores da boate.
Cabe à sociedade fazer uma profunda reflexão sobre os motivos que contribuíram para que uma tragédia dessa proporção viesse a ocorrer. As fiscalizações a casas noturnas se intensificaram na noite seguinte ao incêndio, mas perderam força ao longo destes 10 anos. A chamada Lei Kiss, que trata da proteção e prevenção contra incêndios no Rio Grande do Sul, foi recentemente flexibilizada.
Além disso, familiares e sobreviventes precisam lidar com o fato de que, na esfera judicial, o caso permanece sem uma solução, já que o júri que condenou quatro réus no final de 2021 foi posteriormente anulado. Ou seja: uma década depois, não há condenações.
Por esses e outros motivos é tão importante que o assunto não caia no esquecimento. Já vi muitas pessoas se incomodarem com a atenção que é dada ao tema. Também há quem não veja com bons olhos a mobilização permanente dos familiares no calçadão de Santa Maria. É como se quisessem tirar destes pais e mães o direito de expressar o seu luto.
A passagem de uma década do incêndio será lembrada por uma série de reportagens e produções audiovisuais, algumas delas disponíveis nas plataformas de streaming a partir dos próximos dias. Que seja um momento de homenagear as vítimas e recordar a tragédia, para que ela não se repita nunca mais.