No mundo do esporte de alta performance, o caminho habitual para se alcançar o sucesso é treinar, perseverar, aperfeiçoar aptidões e performar com excelência em momentos decisivos. No currículo de um campeão, porém, não estará escrito quantas mil horas ele repetiu exercícios, quantos tombos levou, quantas cicatrizes colecionou. Só a pessoa que subiu ao pódio sabe das dores que se enfrenta até se sentir o prazer imenso de ter uma medalha pendurada no pescoço.

Por maior que seja o talento e a dedicação, porém, há um fator que determina o momento do declínio: o tempo. Este é implacável com qualquer ser humano. A diferença é que, nos atletas, ainda mais os famosos, percebe-se com mais clareza quando está chegando a hora da aposentadoria.

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Ao mesmo tempo em que a idade deixa o corpo mais limitado, deixa a mente mais brilhante. Um craque de futebol, por exemplo. Ao chegar perto dos 40 anos, ele fará menos gols a cada campeonato, mas será cada dia uma fonte maior de inspiração para seus colegas e sua torcida. Os mais brilhantes jogadores são assim. Há pouco, vimos D’Alessandro se despedir dos gramados. Ídolo colorado, se preocupava diariamente em ser exemplo aos jovens que surgiam nas categorias de base. Os mais velhos também aprendem com os mais novos, é obvio, mas é o olhar da experiência que traz na gênese a possibilidade de apontar os melhores caminhos.

No lado gremista, acabamos de testemunhar a apoteótica recepção a Luis Suárez. Prestes a fazer 36 anos, é o quinto maior artilheiro em atividade no mundo e talvez a maior contratação da história do futebol gaúcho. Sua última frase na sua primeira entrevista ajuda a entender o porquê de ele ser um ídolo por onde passa. Questionado sobre o motivo de seguir jogando mesmo já tendo acumulado fortuna e dezenas de troféus, disse:

– Tenho gana de seguir treinando e lutando por meus objetivos. Sei que isto serve de exemplo para os mais novos.

É isso: os gols alegram momentos, exemplos marcam vidas.