Coluna da Maga
Magali Moraes e a fila errada
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Ela parece ser a certa, senão a gente não entraria. Olhando de fora, todos ali também aparentam estar no lugar correto. Mas vai saber se é mesmo a fila em que você deveria estar? Perguntar pra alguém não garante certeza absoluta, especialmente se for de manhã cedo e o sono ainda rondar o cérebro. Outra dificuldade: cada um entende o que quer numa conversa, a clareza das ideias é sempre relativa. Quem é tímido nem ousa perguntar. A grande maioria se resigna: apenas espera.
E, assim, os minutos passam. Às vezes, perdemos horas. Enquanto estamos na fila errada, tudo é distração. Os olhos grudam no celular, reparam no fio puxado da própria roupa, na falta de corte de cabelo no cidadão que está na frente, num assobio solto no ar, nos rostos desconhecidos, no movimento da rua, no calorão que castiga, nas tarefas do dia. Os pensamentos se enfileiram rapidamente dentro da nossa cabeça. E se observarmos com atenção as placas que sinalizam o local?
Anda
Se estar na fila certa já rouba tempo, imagine na errada. De um jeito ou de outro, ela anda. Ou o cérebro pega no tranco. Ou finalmente conseguimos falar com quem sabe das coisas. Eita, não é essa fila!! Que sorte! A certa tem muito menos gente! De repente, a sensação de burrice é substituída pelo prazer da vitória. O ser humano é um bicho triste, gosta de ter vantagem. Mas algumas situações já nascem fadadas ao fracasso. Como estar na fila certa e descobrir que não adiantou pra nada.
Na última sexta, quase apareci em uma reportagem ao vivo do Bom Dia Rio Grande. Pensa num fiasco. Naquele momento, eu esperava na longa fila da farmácia de medicamentos especiais do Estado, na Azenha. E deveria estar na fila do prédio ao lado, o Instituto Geral de Perícias, onde se faz carteira de identidade. Queríamos atualizar as nossas pra versão digital, e achamos que estávamos bem informados. Acontece que só a primeira via pode ser digitalizada. Na próxima vez, a gente acerta.