Grande aprendizado sobre o paladar: cada um tem o seu. E nunca é só a comida envolvida, é uma série de fatores que nos trouxeram até aqui. Lembranças de infância, experiências boas e ruins ou pura teimosia. O quanto estamos dispostos a surpreender nossas papilas gustativas e criar novas verdades para o cérebro? Porque não é apenas mastigar e engolir. É o que fica registrado na nossa memória. Deve ser por isso que as comidas de mãe e vó são tão gostosas, mesmo quando falta sal.

Tem adulto com paladar infantil e vice-versa. O marmanjo que vive de batata frita, o piá que adora sushi. Taí algo que eu não gosto: peixe cru de qualquer jeito. Será que um dia vou dar uma nova chance ao sashimi? Me arrepia só de pensar. Nesse caso, a textura é o problema. Não desce na garganta. Agora mudando pro setor de doces, e se eu te oferecer arroz de leite? Tudo bem se você amar um arroz soltinho com ovo e odiar a versão açucarada. Li que no Nordeste se come arroz de leite salgado. 

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Açaí

Essa questão cultural rende assunto. Um bom exemplo é o açaí. Aqui no Sul, comemos a polpa na tigela feito doce. No Norte, ele é bastante consumido como suco e misturado com farinha pra acompanhar peixe e camarão. Aliás, a mistura agridoce sempre causa polêmica. Nunca será unanimidade carne assada com geleia de abacaxi. Ou compota doce com peru no Natal. A pizza Califórnia é outra que não agrada a todos. Até a laranja da feijoada gera o famoso nariz torcido.

Paladar é algo pessoal. E o tal paladar apurado é bem relativo. O que é delicioso pra mim pode ser nojento pra você. Por que tentar convencer um vivente a gostar de uma comida que causa repulsa? Tipo eu e sagu (por favor, não insista). A convivência nos ensina a respeitar as limitações culinárias de saúde. Já reparou quantos adultos hoje em dia têm intolerância à lactose? Agora somente a empatia ajuda a não julgar os gostos diferentes dos nossos. Vale pra comida, vale pra tudo nessa vida.