Coluna da Maga
Magali Moraes: estraga e conserta
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Estou de volta, e muita coisa aconteceu nesse breve período longe daqui. Vou resumir, tá? Monta e desmonta. Arruma e desarruma. Separa o que fica e o que vai. Estraga e conserta. Guarda. Doa. Passa adiante. Desorganiza e reorganiza. Respira fundo. Pega caixas vazias, enche as caixas, se livra delas. Mais plástico-bolha! Nem dá tempo de estourar as bolinhas pra relaxar. Suja, limpa, suja, limpa. Deita na cama e desmaia. Acorda sentindo dores no corpo todo. Faz frete e sente um nó no peito.
Minha casa nova ficou pronta, e mudamos na virada do ano! Agora é a fase dos acabamentos que nunca acabam. Enquanto isso, a casa velha tá fechada aguardando uma próxima família pra também ser feliz lá. Que exercício de desapego esvaziar o que já foi um lar. A gente vai tirando, tirando, e o que antes era a nossa cara vai deixando de ser. Não é sobre móveis e utensílios, é a alma mudando de lugar. Sensação estranha essa mistura de passado e futuro, tudo mexe com a gente.
Destruição
Por estar vivendo um momento de caos X ordem (física e emocional), as cenas de destruição domingo passado em Brasília me chocaram além da conta. Palácio do Planalto, o cartão-postal do país e simbolicamente a casa de todos os brasileiros. Vandalismo, terrorismo, cretinismo. Ver as cenas de antes e depois dá tristeza e revolta. Se furar azulejo pra colocar um gancho de toalhas dá trabalho, imagina reconstruir tudo aquilo. Falta de respeito e de noção, que não falte punição.
Qualquer construção toma tempo e dinheiro. Requer capricho e dedicação. Seja um casebre, mansão, espaço público ou privado. No caso de Brasília, criaram uma mancha no calendário limpinho de janeiro de 2023. Nem Limpa Obras resolve. Esse encardido vai ser dureza de tirar. Destruíram obras de arte que contam a nossa História. Estragaram tudo de propósito, e deram ainda mais trabalho pra quem trabalha lá. Hora de varrer da frente essa corja que só puxa o Brasil pra trás.