"Quem pensa que somos só um, comete erros de muitos.” 

Ouvi essa frase de uma senhora em uma parada de ônibus e ficou na minha cabeça. Sou daqueles que, quando as pessoas estão conversando, fico fingindo que estou de fone de ouvido, mas ligado na conversa. Essa senhora, em especial, falava do filho, que quando estava com medo de alguma situação ficava agressivo e se transformava. No meio do papo, ela disse que isso todos nós temos, uns mais outros menos, mas todos temos versões de nós mesmos que nem mesmo percebemos. 

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A única forma de conhecermos essas pessoas que moram em nós é ouvindo as pessoas que amamos e que são sinceras. Mas, para as entendermos, não podemos sair contestando e retrucando. Temos que ouvir e absorver, essa escuta vem seguida de análises reais e tomada de consciência. Eu descobri, com o tempo, que era um cara extremamente autoritário passivo, tinha o feio hábito de intimidar as pessoas a fazer o que eu achava certo. Por muito tempo, achei que estava ajudando as pessoas a realizarem seus sonhos, mas estava, na verdade, sendo uma pessoa que gerava sentimentos ruins. 

Nossas versões podem não só machucar as pessoas como sabotar a nós mesmos, isso porque esses traços de nossa personalidade trazem desejos e medos inconscientes. Óbvio que sempre é recomendado fazer terapia, que cada vez mais acho que todos deveríamos fazer, pois nos organiza. No fim, a tiazinha da parada de ônibus se ligou que eu a estava ouvindo, então prometi a dona Estela que esse texto era em homenagem a ela.