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No Porto Seco

Confira o que as escolas de samba da série Ouro do Carnaval de Porto Alegre vão apresentar na primeira noite

Desfiles serão no Complexo Cultural do Porto Seco, na zona norte da Capital, em 3 e 4 de março. Ingressos gratuitos estão esgotados

25/02/2023 - 05h00min

Atualizada em: 25/02/2023 - 05h00min


Caroline Tidra
Caroline Tidra
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Em menos de uma semana, todo o trabalho das escolas de samba de Porto Alegre e da Região Metropolitana será apresentado no Complexo Cultural do Porto Seco. Depois de um Carnaval fora de época em 2022, este ano promete uma retomada do que realmente é a folia sem restrições. A grande festa ocorre em 3 e 4 de março.

— Estamos esperando um grande recomeço dos desfiles de Porto Alegre, sem dúvidas teremos um grande espetáculo. Além disso, estamos com ingressos para arquibancadas esgotados. Na última quarta-feira, liberamos mais 2 mil ingressos que terminaram em pouco tempo. Superou nossas expectativas — afirma Kelly Ramos, presidente da União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (UECGAPA).

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A prefeitura disponibilizou 10,4 mil entradas para o setor da arquibancada gratuitos. Todos  já estão esgotados e não haverá novos lotes. Ainda há acessos pagos disponíveis para camarotes na primeira noite de desfiles, à venda na plataforma Sympla. Os valores variam de R$ 3 mil a R$ 4 mil. 

Segundo a presidente da UECGAPA, são esperadas mais de 20 mil pessoas circulando pelo Porto Seco durante os desfiles. Ela destaca que neste ano o espaço cultural oferecerá uma melhor estrutura, com mais praças de alimentação e mais equipado. 

Neste Carnaval, as duas noites terão 10 desfiles, sendo a primeira parte cinco escolas do grupo Prata e a segunda parte cinco da Ouro, respectivamente. O grupo Bronze foi extinto e as escolas que não estão no Prata ou no Ouro participam como convidadas, além da tribo carnavalesca. 

Conforme o regulamento, uma escola da série Ouro será rebaixada e uma da Prata ascende, permanecendo 10 no grupo Especial. Já no grupo Prata, duas serão rebaixadas. Desta forma, em 2024, oito escolas desfilarão pelo grupo. Como não existe um terceiro grupo, essas poderão ser convidadas nos desfiles futuros. A apuração está prevista para segunda-feira (6). 

No decorrer da semana, a reportagem do Diário Gaúcho esteve nos barracões do Porto Seco. O desafio mais citado pelos representantes das escolas ainda é o repasse de recursos públicos, que chegou tarde este ano. Esse fator impactou na execução dos trabalhos, principalmente os que são produzidos dentro do município. Conforme a prefeitura da Capital, foram destinados R$ 140.589 para cada uma da série Ouro e R$ 84.810,60 para a Prata. O repasse total foi R$ 2.286 milhões.

Com quase tudo pronto, as agremiações adiantaram o que se pode esperar na pista. Confira os detalhes de cada uma das cinco escolas da série Ouro, que se apresentarão na primeira noite.

Centenário da Portela é celebrado pela Bambas

A Bambas da Orgia vai levar para a Avenida o centenário da escola-madrinha, a Portela. Com a mesma identidade nas cores, azul e branco, as escolas terão suas histórias integradas. Alguns detalhes continuarão sendo um mistério para quem aguarda a primeira noite do Carnaval de Porto Alegre. Um dos segredos que a escola mantém é como será apresentada a grande águia, símbolo da Bambas e da Portela. 

— A surpresa acontece nos três momentos. Eles são distintos de identificação que trarão referências aos portelenses possíveis de se reconhecer — explica Daniele Ferreira, uma das carnavalescas. 

O ineditismo também é um componente do espetáculo, pois é o centenário da escola de samba mais antiga em atividade no Brasil. 

— Trazemos no abre-alas toda a ancestralidade que nos propiciou estar hoje aqui e tantas outras pessoas que fizeram essa história, como Dona Esther — Caren Nurimar, também carnavalesca. 

O segundo carro apresenta duas cenas, sendo uma delas referência a grandes desfiles da Portela e da Bambas. 

— Terá um momento que dois baluartes irão reviver momentos marcantes que tiveram na Avenida. A parte de trás do carro é uma alusão ao Baile Charme do viaduto de Madureira, que é um lugar de muita cultura e que harmoniza bem com a Portela — explica Daniele. 

Para fechar, a terceira alegoria é uma grande comemoração à Portela, que vem com homenageados.   

Em relação aos desafios do Carnaval, Daniele aponta a questão financeira — assunto que é tratado da mesma forma por outras escolas também. 

— Sempre é um desafio a questão do dinheiro. A Portela é uma escola de muita pompa e é um enredo que requer dinheiro. Tivemos que usar a criatividade para aprontar as alas e esse barracão. O material de Carnaval encareceu muito, tudo teve um acréscimo de valor — detalha Daniele. 

Segundo as carnavalescas, os bambistas desejam voltar a primeira posição. O último título da escola foi em 2020 e no ano passado ficou em segundo lugar. Para isso, elas detalham que foi feito um trabalho com a direção de Carnaval para identificar dificuldades e formas de melhorar os quesitos avaliados. 

O que esperar: a escola apresentará o enredo Ilu Ayê! Escola de Bamba é Portela com 12 alas e três alegorias. O desfile será na madrugada de sexta (4) para sábado (5), às 00h10min. Estima-se a presença mais de 1 mil componentes.

Fidalgos e Aristocratas homenageia Xica da Silva 

O enredo escolhido pela Fidalgos e Aristocratas homenageia Xica da Silva, com uma linha do tempo desde seu período como escrava até a alforria. O trabalho tem sido intenso para deixar o espetáculo pronto até o desfile, que será o segundo consecutivo na sério Ouro, após a ascensão da agremiação em 2020. O sonho da escola, conforme conta Natália Martins, diretora dos projetos sociais da escola e rainha de bateria, é ser campeã do grupo especial depois de 50 anos do título.

— Este ano tem uma carga especial que faz 50 anos do título de campeã, com o enredo do Carnaval no Gelo. Até hoje, no nosso lamento, carregamos a frase deste Carnaval que faz parte da nossa história — explica Natália.  

A apresentação fará um paralelo da história de Xica da Silva em relação às Xicas dos dias atuais. 

— Trazemos Xica como referência da mulher que ela foi, numa sociedade em que ela fez muita diferença. Uma mulher irreverente no seu tempo e muito à frente da sua época, a qual torce grandes revoluções, falando sempre de empoderamento, de ancestralidade, de religiosidade, amor, força, garra da mulher negra — conta a rainha de bateria.

O abre-alas traz referências à ancestralidade africana da Xica. O segundo carro mostra a Xica fidalga, com elementos que remente a ouro, riqueza e a catedral de Diamantina, então pertencente ao município do Serro, Minas Gerais. A terceira alegoria também traz a religiosidade, com uma escultura grande que é um dos segredos mantidos pela escola. 

O que esperar: a escola apresentará o enredo Laroyê, Xica da Silva, Xica é Modjubá. Um Legado Africano, a Resistência de Uma Raça, com 19 alas, três alegorias e um tripé. O desfile será na madrugada de sexta (4) para sábado (5), às 1h20min. Estima-se a presença de 1 mil componentes.

Uma Gravataí futurista

Não é a história da Gravataí conhecida, mas de uma cidade futurista que será apresentada pela escola Acadêmicos de Gravataí. Com a ajuda da comunidade nos preparativos, o presidente da agremiação, Anderson Nascimento, tem esperança de chegar mais longe na classificação este ano. 

— Este ano estamos fazendo bem diferente do que normalmente fazemos. Pegamos tudo que fizemos errado e que perdemos pontos no ano passado e estamos ajustando. Vimos que esses quesitos são pequenos perto que podemos fazer. A expectativa está bem grande, a comunidade está ajudando a construir o Carnaval — afirma o presidente. 

Durante este fim de semana, uma força-tarefa estará no barracão para a finalização dos trabalhos e os testes devem ser feitos até a próxima terça-feira. As alas já estão todas preenchidas e as fantasias prontas. 

O abre-alas traz a onça negra grande e imponente junto da história que apresenta o enredo futurista. Os elementos que irão compor o setor retratam o retorno dos índios guaranis, em uma nave, encontrando a cidade que colonizaram diferente. 

— Tem alas da saúde, da educação, de mobilidade urbana. Então eles enxergam cada espaço diferente de como estavam quando deixaram a cidade — explica Anderson. 

O segundo carro retrata a parte industrial da cidade e, como Gravataí é quarta economia do Rio Grande do Sul, há destaque para o setor. A aposta no barracão é a terceira alegoria que será toda iluminada e tem uma altura calculada para passar próximo do limite da porta. Este carro futurista levará autoridades e representantes políticos convidados da cidade. 

Neste domingo (26), a escola completa 62 anos e a comemoração será realizada um ensaio de rua, no bairro Morada do Vale I, em Gravataí. 

— Vamos fechar uma rua entre a Cônego Viana e a Álvares Cabral e faremos uma grande surpresa para a comunidade, com a distribuição de brindes. Será o último ensaio em comunidade antes dos desfiles — conclui o presidente. 

O que esperar: a escola apresentará o enredo Brilha Nos Olhos da Onça Negra, Gravataí: A Cidade do Futuro, com 17 alas e três alegorias. O desfile será na madrugada de sexta (4) para sábado (5), às 2h30min. Estima-se a presença entre 1.800 a 2 mil componentes.

Imperatriz coloca o cooperativismo em evidência

A Imperatriz Dona Leopoldina apresenta o cooperativismo na Avenida. Conforme o diretor de Carnaval, André Nunes Santos, a agremiação conseguiu colocar em prática o planejamento previsto, mesmo com a demora para a chegada de recursos, e a expectativa é positiva para a apresentação final. 

— Nosso enredo é um diferencial, nossa comunidade é um diferencial e nossos quesitos estão bem reforçados. Então acho que faremos um bom Carnaval — afirma André. 

Com um tema que pode ser definido como a colaboração entre pessoas com interesses em comum, a Imperatriz remonta as fases do cooperativismo. De acordo com o diretor, no primeiro setor, a escola traz um cooperativismo primitivo que são representados pelas tribos e quilombos. Depois, no segundo, o cooperativismo pioneiro passará pela Avenida em um recorte mundial, que repercutem a força do sistema socioeconômico até hoje. No terceiro setor, cooperativismo atual e de lutas.

— Traremos as cooperativas de reciclagem, de moradia, de economia solidária, de educação, que faz com que várias pessoas que não teriam condições de acessar algumas áreas consigam alcançar. Fechamos o quarto setor com o levante laranja raiz que é a Imperatriz, nossa comunidade, que sempre faz uma grande cooperativa, se une para vencer as lutas do dia a dia e para chegar na avenida disputando um Carnaval com força e beleza — detalha André. 

Além das questão do orçamento, um dos desafios enfrentados pelas escolas, conforme o tesoureiro da Imperatriz, Alan Silva, é a falta de reconhecimento e incentivo do Carnaval no Estado.

— Anualmente temos promessas de conclusão do Porto Seco. Mas o fundamental para nós é o reconhecimento deste segmento cultural como um dos que contribui para a formação do povo — conclui o tesoureiro. 

O que esperar: a escola apresentará o enredo Sozinhos somos Fortes, Juntos Somos Imbatíveis! A Cooperação Nos Fará Campeões, com 18 alas, três alegorias e um tripé. O desfile será na madrugada de sexta (4) para sábado (5), às 3h40min. Estima-se a presença de 1.100 componentes.

O ouro da Unidos de Vila Isabel 

O que vale ouro? Essa é a pergunta que a Unidos de Vila Isabel vai responder na Avenida. A escola de Viamão ascendeu ao grupo Ouro em 2022 e tem grandes expectativas para este ano, como explica o diretor de Carnaval, Arilson Trindade:

— A expectativa é de querer ganhar o Carnaval e estamos trabalhando desde maio para isso. Nosso samba ainda diz: de Viamão para vencer. 

Conforme Arilson, nos últimos anos a escola tem apresentado mensagens para reflexão do público. Este ano a proposta quer passar a mensagem de valor à vida. O desfile será aberto com referências à importância do ouro para algumas culturas, como a egípcia, em que tesouros eram enterrados com os corpos para garantir riqueza na outra vida. Depois, o espetáculo segue com a ideia do que vale ouro para cada pessoa. 

— Acreditamos que seja saúde, amor, a própria escola, as nossas raízes, a nossa espiritualidade. A resposta pode ser diferente para ti, para mim, para o outro. Então vamos responder o que vale ouro para Vila Isabel, cantando o que estiver passando no desfile — explica Arilson. 

Um dos desafios de uma escola de fora da Capital, segundo Arilson, é integrar o público na apresentação da escola:

— Muitas vezes as pessoas assistem, porque as alegorias e fantasias são bonitas, mas elas não participam. Essa é uma dificuldade que a cada ano tentamos superar. 

O que esperar: a escola apresentará o enredo O que Vale Ouro? com 16 alas, quatro alegorias e um tripé. O desfile será na madrugada de sexta (4) para sábado (5), às 4h50min. Estima-se a presença de 1.200 componentes.

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