Direto da Redação
Leticia Mendes: "O golpe não escolhe vítima"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Com certeza você já recebeu alguma mensagem no celular anunciando uma promoção mirabolante ou um prêmio inesperado. Imagino que também conheça alguém que já tenha sido vítima de algum tipo de golpe. Pode ter sido aquele mais simples, de ter o WhatsApp ou Instagram tomado pelos trapaceiros, ou até os mais elaborados, como o antigo e recorrente conto do bilhete premiado ou o golpe do conserto do telhado.
Esta semana, uma reportagem da colega Bruna Viesseri retrata a história de uma família de Santa Cruz do Sul, lá no Vale do Rio Pardo, minha terra — nasci em Rio Pardo, a melhor cidade da região, mas essa é outra polêmica. O merecido descanso no Litoral se transformou na maldita dor de cabeça depois que se viram vítimas do golpe do aluguel. Entregaram R$ 750 adiantado para o golpista, que anunciava uma casa em Capão da Canoa.
Casos de golpes noticiamos muitos, quase diariamente. Há poucos dias, contamos a história do Papai Noel Laércio, aqui da Capital, um senhor de 79 anos, muito simpático, que se transforma no bom velhinho há mais de 50 anos, e também foi vítima dos estelionatários. Criaram um falso WhatsApp, fingindo ser a filha dele, e assim conseguiram que ele transferisse R$ 4,3 mil. Não pouparam nem mesmo o Papai Noel.
Mas o que me chamou atenção nesse caso da família santa-cruzense é a resposta do golpista. Quando uma das vítimas reclamou por mensagens de ter perdido o dinheiro, fruto de trabalho honesto, o trapaceiro respondeu "Eu tô aqui trabalhando também" e emendou "O golpe não escolhe vítima". A triste realidade é que isso tem um fundo de verdade.
Claro que, por vezes, os golpistas escolhem sim. Atacam as vítimas mais vulneráveis, como idosos sozinhos, que podem se sentir intimidados. Mas há também inúmeros casos em que isso se dá aleatoriamente. Ou seja, qualquer um pode ser vítima a qualquer hora. Parece que só nos cabe ficar alerta, desconfiar daquela oportunidade imperdível e pisar no freio diante dela. Golpistas têm pressa. Quanto antes concluírem o golpe, menos chance de a vítima se dar conta do que está acontecendo. Não caia nessa.