Coluna da Maga
Magali Moraes: pé na grama
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Uma das sensações mais gostosas que conheço: pisar numa grama verdinha e sem rosetas. Macia ao toque, sabe assim? Convidativa. Não só pisar. Caminhar pra lá e pra cá, sentir a textura das folhas e o geladinho, caso elas tenham sido molhadas há pouco. Enquanto a natureza faz cosquinha na sola do pé, a gente descarrega as tensões sem perceber. Em alguns parques, tem aquela plaquinha mal humorada que diz “Proibido pisar na grama”. Na casa da gente, tá liberado. Pode pisar. É prazeroso.
Cheiro de grama recém cortada é outra paixão antiga. Me traz lembranças boas da infância. Sem falar nas novas memórias que estou criando agora. Tá bom, confesso. Ando apaixonadíssima pelo cheiro, pela cor e por cada cantinho gramado que me cerca. São muitos tons formando um tapete verde. A vegetação cresce rápido quando se sente em casa. Terapia das boas é arrancar os pequenos invasores que surgem do nada e mandar embora tudo o que não seja grama verdinha e parelha.
Ditado
Vou além, faço a ronda pelo jardim. Onde tem grama tem plantas, flores e folhagens. Tem motivo pra mexer na terra. Sabe o ditado que fala da grama mais verde do vizinho? Se é de causar inveja, provavelmente deve ter alguém que cuida muito bem dela. Tudo na vida requer cuidado, nada persiste bonito sem manutenção. Estou descobrindo que dar atenção ao gramado é saúde física e mental. Faço planos de ter uma hortinha, quero que o verde habite em mim.
Os canteiros vão dar o braço a torcer: é a grama que conecta tudo. Eu e meu gramado estamos nos conhecendo. Menos de dois meses de convivência, já parece tanto tempo. Temos pela frente a chegada de outras estações. Enfrentaremos juntos o frio, o vento e a chuva no outono e inverno. Renasceremos na primavera. Nos refrescaremos com mangueiradas d’água no próximo verão. Acho que é assim que se constrói uma nova história. Tirando os inços, cultivando o que importa.