Nossa mente pode criar histórias sem sentido nenhum. Você já sonhou com situações que seriam facilmente resolvidas durante o dia, mas dentro do sonho tudo parece tão enrolado, tenso e difícil de se desvencilhar? Um pesadelo, isso sim. Como tentar sair de um lugar e não conseguir, pedir ajuda e ninguém dar a mínima. Em algum momento até nos damos conta de que aquilo nem é sonho: é o pior roteiro do mundo. Estamos ali de protagonistas, presos naquela narrativa sem pé nem cabeça.

Acordar resolve tudo. Mas e quando a gente arregala os olhos e imediatamente toma um susto? Mal se livrou do pesadelo, queria apenas bocejar e esticar o corpo. Não satisfeito em criar sonhos esquisitos, o cérebro te manda uma mensagem cruel: TU NÃO ENTREGOU A COLUNA DO DG!!! Assim mesmo, gritando em maiúsculas. Como?! Não pode ser! Seria um pesadelo dentro de outro? Que dia da semana é hoje? Cadê o celular pra conferir os emails enviados? Tum-tum-tum. O coração dispara.

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Pulo

É como se voltasse a luz e a gente acordasse em meia fase, sem raciocinar por completo. Claro que levantei num pulo. Me joguei no chuveiro, já vasculhando as gavetas mentais em busca de assunto. Não sabia se tomava café antes ou depois. Um gosto ruim (de culpa) na boca. Chateada, querendo correr contra o tempo, eu não acreditava que tinha deixado os editores na mão. Quase oito anos entregando as colunas antecipadamente, a moral lá em cima. Num belo dia, eu mesma me derrubo?

Nada como um banho pra colocar a pessoa nos eixos. Procurei de novo e achei o email enviado. Estava tudo certinho, que alívio! Minha reputação de colunista cumpridora de prazos continuava intacta na redação do DG. Não foi dessa vez que pisei na bola. Foi só uma pegadinha do cérebro pra acelerar os batimentos cardíacos e testar meu comprometimento. Pra você, provavelmente não mudaria nada abrir o jornal e não me achar. Mas saiba que, pra mim, esse dia seria um verdadeiro pesadelo.