Coluna da Maga
Magali Moraes: uma fisgadinha
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Ela surge quando a gente menos espera. Vai se abaixar pra juntar algo no chão e… aiii. Vira rápido e… uiii. Os exemplos são tão variados quanto a intensidade da dor. Em algum lugar do corpo, ela te pega de jeito. A fisgadinha não perdoa, não se iluda com esse nome fofo no diminutivo. É uma dor chata, quase um beliscão pelo lado avesso. Não é como um raio que (dizem) nunca cai duas vezes no mesmo lugar. A fisgadinha vai e volta. Daí você pensa: o que eu fiz pra merecer?
Boa pergunta. Não alongou direito (ou nada) depois de praticar atividade física. Puxou ferro demais na academia, os músculos reclamam. Ou é a pessoa mais sedentária do mundo, e ainda se espanta com fisgadinhas. Também pode ser resultado de má postura. Sentar torto e esparramado. Caminhar todo errado. Acho que a maneira de prevenir a próxima fisgada é descobrir sua causa. Sabe aquele truque de quando a gente esquece o que foi buscar na cozinha? Faz o caminho de volta até lembrar.
Coxa
Uma fisgadinha, duas, três… já desisti de contar. No meio da coxa, bem atrás, essa é a minha. Achei que ela tinha ido embora de vez, e não é que reapareceu pra incomodar? Pelo menos, inspirou essa coluna. Ando subindo e descendo muita escada, só pode ser isso. Sentir câimbra na cama é até previsível. O problema das fisgadinhas é o fator surpresa. Nunca estamos preparados. Se for durante o trabalho, nem dá pra fazer cara feia. No transporte público, grita de dor e assusta os outros.
Agora que terminou o Carnaval, imagina quantas fisgadinhas (e fisgadonas) ainda vão desfilar em pernas, braços, ombros, nucas e lombares. Para os sobreviventes, eu desejo relaxante muscular e gelo. Vejam pelo lado bom: é o corpo lembrando que a folia foi grande. Antes, samba no pé. Depois, fisgada do dedão ao calcanhar. A panturrilha, que não parou um minuto, enfim pede água (idem o fígado). A cintura, que era dura, soltou. Até o Carnaval que vem, tá tudo novo de novo.