Não lembro a última vez que joguei cartas. Foi no verão de 1988 ou de 2015? Algum inverno, quem sabe. Acho complicado trincas e naipes, tem que fazer conta de cabeça. Talvez seja a minha inquietude, não sei ficar parada. Por outro lado, o carteado traz memórias afetivas: na infância, jogar Dorminhoco com os primos e ganhar rolhada na testa. Minha vó Maria, tarde da noite, jogando cartas com as vizinhas da praia. Anos mais tarde, a sogra Elcy e seu amor por muitas partidas de Canastra. 

Lembrei das cartas porque a previsão é de tempo ruim nesse feriadão no RS. Especialmente aqui na praia — com as casas cheias — o pessoal tem que se ocupar de alguma forma. Idem os não foliões (sigo pensando na gente). E juntar a turma pra um carteado pode significar paz e sobrevivência. Sem tretas familiares, sem amigos se estranhando. Enquanto eu pego um livro pra ler, pode reunir a turma e preparar a mesa. Carteado e lanches, aí sim. Nessa hora, eu me junto ao grupo.

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Celular

Pra jogar cartas, hoje em dia nem precisa de baralho. Só o celular. Tá aí o joguinho online de Paciência, que não me deixa mentir. Na fila, no transporte público, na cama antes de dormir: escolha seu momento. Fico impaciente, não é pra mim. Por mais que eu viva de celular na mão, nem esse tipo de carteado (ou outro joguinho) me pega. Sou autoimune. E olha que convivo com vários apreciadores. Cartinhas de Uno? De novo, lindas lembranças da infância e adolescência dos filhos.

Com os jogos de tabuleiro, simpatizo mais. Banco Imobiliário? Detetive? Pode me convidar, vai ser uma noitada divertida. Não garanto concentração total, depois de um tempo vocês vão me perder. E vou perder no jogo, certo. Mas tudo bem, sempre é assim. Ganho histórias pra contar. Se é um passatempo garantido em casa, na rua também funciona. Existem bares que oferecem jogos de tabuleiro. Um bom atrativo pra chamar clientes. Bom feriado! Se rolar um carteado, conta pra mim.