Para que novas estrelas se formem é necessário acontecer no espaço um fenômeno chamado supernova. Isso é uma explosão estelar e luminosa. Neste momento, dos fragmentos dessa explosão surgem novas estrelas, planetas e corpos celestes. Porém, essa explosão também é a morte de uma outra estrela que brilhava tão forte que sua luz possibilitou o nascimento de outras. 

Quando penso em Glória Maria me vem essa imagem na cabeça. Ela foi uma mulher que atravessou os tempos nos mostrando que somos do tamanho que quisermos. Uma amante da liberdade que usava sua existência como mensagem. Ninguém conseguia fazer Glória ser pequena, ninguém conseguia constranger Glória. Ela impunha sua presença com classe e personalidade em qualquer ambiente e em qualquer contexto. Ela era muitas e única. Fosse entrevistando um presidente americano ou uma menina em uma periferia falando de buraco na rua, ela fazia daquele momento, momento Glória. 

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Ela brilhou tanto que sua luz possibilitou a existência de pessoas como eu na tela da TV.  Eu sou grato por Glória existir e ser quem é em nossas vidas. Falo de Glória em vida, porque para mim ela não morreu, está viva nos ensinando tudo.

Em um de nossos encontros, ela me disse que minha geração tinha a missão de manter aberto os caminhos que ela criou. Glória era uma negra livre, sua liberdade se estendia ao seu trabalho, era visível na forma de educar as filhas, na forma de viver seus amores e suas dores. Glória deixa de ser pessoa e passa a ser meta de vida.