"Amor", "positividade" e mais
Plaquinhas coloridas pedem cuidado com o meio ambiente e espalham mensagens positivas por praias do Litoral Norte
Quem passeia pelas areias aproveita para tirar fotos e apoia a conscientização com relação à natureza
Na passarela que fica perto da imagem de Iemanjá, em Capão da Canoa, no Litoral Norte, há um “condomínio” de tábuas pintadas de lilás, vermelho, verde, branco, rosa e azul. Em homenagem à protetora dos mares, as chapas ganharam os dizeres “eu amo Navegantes", "as pequenas ações ajudam a mudar o mundo", "cuide e proteja o nosso meio ambiente" e "não polua”. O que o criador da intervenção talvez não saiba é o impacto dessa arte multicolorida na população.
— Minha filha é autista e ela adora. As formas e as cores impressionam. Até tiramos uma foto ali — diz a pedagoga Édila Lippert, 33 anos.
— Traz calma e tranquilidade para a nossa família — complementa o marido de Édila, o empresário Vitor Henrique Fornel, 37.
O trabalho dos artistas que contribuem com a paisagem através das plaquinhas se soma ao pé na areia, ao barulho das ondas, ao sol e à brisa refrescante, momentos à beira-mar que relaxam corpo e mente e ajudam a refletir sobre o dia a dia. “Agradecemos a natureza”, “praia limpa é muito mais bonita”, “aproveite o dia com respeito pelo mar”, “amor” e “positividade” estão entre os chamativos exemplares que colorem o acesso à praia em inúmeros pontos da costa gaúcha, de Sul à Norte.
As mensagens positivas são obras coletivas. Thiago Barbosa, conhecido como “Loko Artes” no município, é o responsável pela mistura de diferentes tons em desenhos, um traço com um quê de maluquice, como sugere o apelido. Seguindo o que prega na frase, também há consciência na produção dos materiais.
— As madeirinhas das plaquinhas são recicladas. Eu pego de obra, que sobra de uma construção e ia fora, ou eu restauro de madeira que cato por aí. É ecológico, além da mensagem de conscientização — explica.
Além de decorar a cidade e inspirar adultos e crianças, o artista tenta pegar quem não é educado ambientalmente pelo constrangimento:
— Nada justifica jogar lixo no chão, vai da educação de cada um, mas quando a pessoa vê uma placa dizendo isso, pode acabar buscando uma lixeira, ou pensando que tem alguém cuidando — complementa.
Entre Capão, Arroio do Sal e Torres há 118 balneários, segundo contagem realizada pela reportagem de GZH na temporada passada. Boa parte é composta por prainhas com poucos edifícios, onde o sossego prevalece. Nesses locais, raras são as marcações de limite territorial, como pórticos vistos em Xangri-Lá, Tramandaí e regiões mais badaladas. Voluntariamente, o artista instala placas informativas sobre a chegada a tal localidade, além da mensagem já consagrada de alerta ambiental - os materiais podem ser conferidos pelas redes sociais. O objetivo é “fechar” o Litoral Norte até o final de 2023.
O outro Tiago desta reportagem é Tiago Dominguez, 29 anos. Estudante de Medicina Veterinária, criador do grupo de amigos Qual é a Boa, Capão, apaixonado pelo mar, pelas dunas e pela natureza, ele desenvolve plaquinhas muito semelhantes nas mensagens. É responsável pela proteção de parte das dunas, onde há fitas isolando áreas com ninhos de quero-quero e corujas. Nesses pontos também foram colocados os avisos, que além de levarem adiante o recado, servem como estaca das cercas de proteção.
— A ideia é mostrar que existem pessoas atuantes na preservação — explica Tiago Dominguez.
A placa que diz “sorria, você está na praia” encantou o técnico em eletricidade Bráulio da Costa Lobato, 68 anos, e o neto, Bernardo Bicca Lobato, cinco:
— Gosto muito de tomar banho no mar — afirma e agradece à quem não suja a água o menino.