Direto da Redação
Diego Araujo: "O prefeito e o Carnaval"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Para os desfiles do final de semana, não dá mais tempo. Mas precisamos começar a planejar imediatamente o Carnaval de Porto Alegre de 2024.
O prefeito da Capital, Sebastião Melo, embora goiano de Piracanjuba, conhece nossa cidade como poucos. Sabe de cor onde ficam as comunidades mais longínquas e fala com propriedade sobre as demandas de cada uma delas. Criou um programa em que leva secretários, membros do governo e empresários para conhecer a periferia. Na semana passada, o ônibus desembarcou no Humaitá e dele desceu um político com desenvoltura para falar de problemas com as lideranças locais e discutir soluções.
Melo é obcecado pela zeladoria da cidade, entende que um prefeito tem de entregar praças limpas, calçamentos bem feitos, ruas sem buracos e bueiros desentupidos para evitar alagamentos. Ao assumir o governo, disse que uma de suas prioridades era destravar obras emperradas nos últimos governos. Com os recursos disponíveis, vem finalizando a Avenida Tronco e a Severo Dullius, duas artérias da cidade que levam trânsito mais rápido para regiões fundamentais da cidade, mas que, ao mesmo tempo, pavimentam progresso para zonas pobres da cidade. Obras prometidas para a Copa de 2014.
Chegou a hora de assumir um novo compromisso com a periferia. É o momento de acabar com a dívida do poder público com o Porto Seco. Expulsas do centro da cidade no início do século, as escolas de samba receberam a promessa de um local com estrutura fixa, que permita que os desfiles possam evoluir a cada ano.
Até agora, pouco foi feito e, a cada Carnaval, a improvisação prejudica passistas, baianas, carros alegóricos e o resultado de um ano inteiro das comunidades. É o momento de o prefeito Melo entrar na Passarela Carlos Alberto Roxo com seu chapéu de palha e sua obsessão de desemperrar projetos e obras. Não dá mais pra esperar. Porto Alegre está em dívida com o samba, prefeito.