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Após surto em Estância Velha

Especialistas explicam cuidados necessários em escolas e a importância da vacina contra covid-19 para crianças

Na última semana, as aulas de uma escola de Educação infantil do Vale do Sinos foram suspensas após 30 profissionais e sete alunos testarem positivo para a doença

26/03/2023 - 14h21min

Atualizada em: 26/03/2023 - 14h21min


Jean Peixoto
Jean Peixoto
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Bruno Todeschini / Agencia RBS
Na Capital, pessoas com deficiência permanente a partir de 12 anos poderão receber a vacina ambivalente nesta segunda-feira

 Embora a taxa de mortalidade em decorrência da covid-19 tenha sido freada em virtude da vacinação, ainda é preciso manter os cuidados sanitários para evitar possíveis surtos e contaminações. O caso da Escola de Educação Infantil Lyra das Crianças, em Estância Velha, no Vale do Sinos, que precisou ser fechada nesta semana após 30 profissionais e sete alunos testarem positivo para o coronavírus, acende um alerta para as instituições de ensino. 

Segundo o secretário de Educação da cidade, Gustavo Guedes, os primeiros casos entre os professores começaram a surgir na terça-feira (21). Depois, pais começaram a notificar que seus filhos também positivaram e a Vigilância em Saúde do município realizou testes nos profissionais, confirmando 30 casos.

As aulas na instituição foram suspensas na sexta-feira (24) e permanecem interrompidas até a quarta-feira (29),  período em que a escola deve ser higienizada, segundo a Secretaria de Educação. Especialistas ouvidos por GZH apontam alguns cuidados necessários para evitar contaminações entre crianças e adultos em espaços compartilhados.   

O virologista e coordenador do Laboratório da Microbiologia Molecular da Feevale, Fernando Spilki, explica que as vacinas contra covid-19, assim como outras vacinas, não têm potencial de evitar a infecção individualmente, seja em adultos ou crianças, mas que elas podem evitar que o paciente desenvolva um quadro clínico mais grave. Ele ressalta, ainda, a importância da vacinação em crianças do ponto de vista coletivo.  

— As crianças também participam como possíveis multiplicadoras do vírus e, por isso, elas são componentes importantes naquela meta de tentar aproximar ao máximo a população de um ciclo completo de vacinação. Aí, nós conseguiríamos ver muito mais redução de circulação do vírus. Então, existe uma questão individual de evitar quadros mais graves, mas também existe uma questão coletiva de proteger uma comunidade, como em uma escola, por exemplo, se as crianças estiverem vacinadas em todas as faixas etárias — diz Spilki.  

Já o infectologista e professor da Unisinos Marcelo Bitelo lembra que a vacinação das crianças também auxilia na redução dos riscos de surgimento de uma nova variante ainda mais agressiva.  O professor Fernando Spilki reforça que, neste momento do enfrentamento do Sars-Cov-2, o foco no calendário vacinal é a principal medida preventiva. 

— É preciso que todos estejam atentos em completar seu calendário vacinal e estimular que todas as pessoas de sua família estejam vacinadas, engajando amigos e colegas de trabalho para derrotar o coronavírus e podermos declarar a pandemia encerrada. Seria muito importante esse engajamento com a vacinação — diz Spilki. 

Além disso, ele destaca que em situações em que há focos de grande circulação do vírus, como no caso da escola de Estância Velha, cabe a cada um avaliar a possibilidade de utilizar a máscara como equipamento de proteção individual. 

Ele ressalta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não declarou que a pandemia acabou porque, embora os governos trabalhem com medidas cada vez menos restritivas, ainda há casos de surtos, e a evolução do vírus é dinâmica.  

— Nós temos uma circulação que, embora não resulte em grandes números de óbitos como tivemos no passado, é uma doença que mata muito mais que gripe, por exemplo. Por isso, o cuidado de manter o alerta de que temos uma pandemia em curso. Em um momento, provavelmente em um futuro próximo, poderemos chegar a outro estágio — afirma Spilki. 

Quais são os sintomas e como proceder 

Os especialistas recomendam que a população esteja atenta aos sinais de doenças respiratórias. Os sintomas observados no atual momento da pandemia são os mesmos relatados inicialmente pelos pacientes contaminados pelo coronavírus: febre, dor de cabeça, coriza, dor de garganta, dor no corpo, perda de olfato, paladar, diarreia e dificuldade para respirar. É preciso buscar atendimento e fazer o teste ao menor sinal de suspeita.

— Às vezes, algo que parece um resfriado comum pode ser um sinal de covid-19, isso desde 2021, quando começaram a aparecer as variantes como a Ômicron e suas derivadas, que vêm causando surtos — diz Fernando Spilki. 

O professor Marcelo Bitelo pede também que as pessoas evitem ambientes fechados e, em caso de contaminação, mantenham o isolamento de cinco a sete dias desde o início dos sintomas. Ele reforça a importância da higienização constante das mãos. Em relação a surtos escolares, o especialista pede que os pais não mandem as crianças para a escola com sintomas gripais.

— O risco de um surto dentro de uma escola de Educação Infantil é muito grande porque é muito mais difícil de controlar a transmissão dentro desses ambientes. As crianças não têm a consciência de manter distanciamento, de higienizar as mãos, de utilizar só os seus brinquedos. A partir do Ensino Fundamental as crianças já conseguem controlar mais, mas é sempre um risco — ressalta Bitelo.

Cuidados na Capital

Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) afirma que orienta profissionais e alunos com práticas preventivas ao coronavírus, "principalmente, a frequente higienização das mãos e a vacinação em dia." Em nota, a assessoria de comunicação da pasta frisa que  "é importante que as crianças saibam da importância do ciclo vacinal completo com todas as doses de reforço, para que possamos nos prevenir da covid e suas variantes."

A Secretaria de Saúde da Capital também ampliou o público apto a receber a vacina bivalente contra a covid-19 — que imuniza contra mais de uma cepa do Sars-CoV-2 — a partir de segunda-feira (27), incluindo pessoas com deficiência permanente a partir de 12 anos de idade. A vacinação também segue para pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, puérperas, imunocomprometidos a partir de 12 anos e profissionais de saúde. Bebês a partir de seis meses também podem ser imunizados. Os imunizantes são aplicados em 33 pontos. A abertura de faixas etárias está sendo escalonada para evitar aglomerações nos pontos de vacinação. 


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