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Coluna da Maga

Magali Moraes e a hora de lavar as cortinas

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

13/03/2023 - 05h00min

Atualizada em: 13/03/2023 - 05h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Certas situações cotidianas unem um casal. Por exemplo, a (nem tão simples) tarefa de lavar em casa as cortinas de tecido. Cada vez que fazemos isso, juro que vou mandar lavar fora na próxima vez. Só que esqueço, e tudo anda tão caro. Passa um verão, às vezes passam dois, e o tom cinza-chumbo de sujeira nos obriga a tomar uma atitude. Lá vamos nós, na alegria e na tristeza. A parte fácil é colocar a cortina na máquina de lavar e apertar o botão. O perrengue acontece antes e depois.

A cortina é o véu de noiva da sala. Tem toda uma pompa e circunstância. Imagina rasgar o tecido delicado e já maltratado pelo sol. Enquanto um segura, o outro pendura. Haja braço, coluna e paciência. A função precisa ser rápida: tirar a cortina dos trilhos é um caminho sem volta. Quanto antes ela retornar sã e salva pro seu lugar, melhor. O problema é que são duas partes de forro mais duas partes de voil, com manchas apegadas à família. Deixar um mês de molho seria pouco.

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Arrependimento

O pior de tudo é desengatar os malditos ganchinhos dos trilhos e engatar de novo depois. Eu queria dizer o seguinte pra Magali de anos atrás: “Arrependimento mata, hein? Escolhe outro tipo de trilho. Não deixa instalarem tão grudado na parede, que esse espaço mínimo entre ela e o gesso rebaixado vai liquidar vocês”. Corta pra hoje. É contorcionismo que chama. Se equilibrar na escada bamba e enfiar a cara no buraco da cortina pra enxergar (e alcançar) a ponta dos trilhos.

Bora engatar um a um os ganchinhos, sem deixar nenhum solto no meio. Quatro partes de cortina vezes 30 ganchos cada. Some dois pescoços que rotacionam ao máximo. Mais dois braços direitos que espicham e dedos que ignoram a artrose. Nacos de pele se perdem. O suor não deixa o band-aid grudar. O casal reveza na escada. A contagem regressiva dá ânimo: “seis, cinco… falta pouco!” Quando enfim a cortina é pendurada, comemoramos! Até que algumas manchas nos olham vitoriosas.



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