Coluna da Maga
Magali Moraes e os ETs de jardim
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Coisas estranhas acontecem no litoral do RS. Passei o verão observando uma moda: estátuas de ETs surgindo aqui e ali. Marcianos verdes, roxos, rosas, laranjas. Pelados (como são os extraterrestres do cinema) ou vestindo camisetas do Grêmio e Inter. Por que, ó Senhor De Todas As Galáxias, alguém colocaria essas estátuas na frente de casa ou do estabelecimento comercial? De quem foi a ideia? De uma pessoa abduzida que voltou à Terra com a missão de espalhar alienígenas praianos.
Nada contra, só queria entender a razão. Talvez eu esteja ficando uma humana implicante e ranzinza, achando que estamos até agora sozinhos no universo. E quase nunca assisto a filmes de ficção científica. Eu já tinha parado de pensar nisso quando vi uma charge do cartunista Fraga no jornal Zero Hora: um anão de jardim botando o dedo na cara de uma estátua de ET, reclamando dessa invasão e dizendo que eles estão tomando o espaço alheio nos gramados das casas. Apenas genial, Fraga.
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Sempre o humor capturando o espírito do tempo. Leve-me ao seu líder, dirão esses ETs. E chame as criancinhas pra tirar foto ao lado das estátuas. O que vem depois disso pra chamar a nossa atenção e arrancar um sorrisinho que seja? As naves dos extraterrestres (fica a dica). Só espero que eles sobrevivam à friaca gaúcha. Porque fazer pose nos jardins ensolarados é fácil. Que os donos desses ETs providenciem casacos, mantas, luvas, cuecões e toucas de lã pra proteger a turma.
Tem outra preocupação nos gramados abduzidos: cortar a grama. Se o ET for verde, mimetiza com a vegetação. Sem falar na superpopulação de seres. Hoje em dia, quem tem área livre pra colocar os sete anões e mais um ET? Onde ficam as estátuas de cogumelo, sapo e pato? Faz o que com o Buda e a fonte? Para os acumuladores de estátuas de jardim, essa moda de ET é mais uma tentação. Tomara que os vasos de flores não percam espaço nas frentes das casas. Prefiro esse colorido.