Assim mesmo, no diminutivo. São apenas duas floreiras, mas tem espaço pra colocar mais. Daquelas coisas que nunca fiz questão e, de repente, surgiu a vontade. É a casa nova inspirando atitudes saudáveis. Por que não plantar os próprios temperos e descobrir como é um orégano in natura? Chamei de Projeto Horta pra valorizar a minha iniciativa e pra não esquecer da responsabilidade que vem junto: manter vivas as mudinhas que plantei. Já fico imaginando tomates-cereja e pés de alface por ali. 

Estou num momento em que não sei se só admiro ou uso tudo. A hortinha pode acabar em uma semana normal de almoços e jantares. Por uma questão motivacional, optei por mudas grandinhas e não sementes que poderiam demorar uma vida pra brotar. Então a horta já nasce com cara de pronta. Agora temos cebolinha, salsinha, manjericão verde e roxo, sálvia, alecrim e (claro) orégano. Mas por quanto tempo? Não sei nada sobre os ciclos de crescimento. A ansiedade vai saber esperar?

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Luvas

Plantar parece fácil. A gente compra vasos, mudas, composto orgânico, argila expandida, lembra das luvas pra não ficar de unha suja e esquece dos pés. Óbvio que meus chinelos ficaram de lado e pisei bem faceira na grama misturada com terra preta. Até aí tudo bem, depois molhar foi literalmente a gota d'água. E o risco de afogamento? Água, vento, sol, formigas. Voltou o dilema das folhagens: todos os verdes têm a mesma sede? Temperos também gostam de um dedo de prosa?

Ainda nem falei do TOC. Tentei plantar reto as mudas, mas quando o torrão de raízes se desprende do plástico que o protege, é um salve-se quem puder. As cebolinhas parecem longos fios descabelados. Me senti erguendo o cabelo delicado de uma criança pra pentear. E a terra, que gruda nas folhas da sálvia? O orégano é tão minúsculo. O alecrim e o manjericão competem no perfume. No meio da função, pensei: plantar é como escrever com letras vivas e cheirosas. Sirva-se dessa coluna.