Coluna da Maga
Magali Moraes: não desista
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
A semana passou e ainda sigo sob o efeito do Oscar 2023, que aconteceu no último domingo. Todo ano tem essa premiação do cinema, e em 2022 rolou até soco no palco. Dessa vez, os ânimos estavam calmos. E inspiradores. Se você ainda não viu o filme ganhador, fica a dica. "Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo" é estranho e frenético, pura ficção com altas doses de verdade. E humanidade. Um turbilhão visual que arranca risos, comove e faz pensar nas relações familiares.
Não conto mais pra não dar spoiler. O assunto aqui é a persistência dos três atores principais do filme que levaram a estatueta. Ke Huy Quan, Melhor Ator Coadjuvante, 51 anos, fez Indiana Jones e os Goonies quando criança e ficou décadas sem trabalhar. A veterana Jamie Lee Curtis, Melhor Atriz Coadjuvante, foi reconhecida só aos 64 anos. E Michelle Yeoh, que ganhou Melhor Atriz aos 60 anos, falou a grande frase da noite: "Não deixe que ninguém diga que você já passou do seu auge."
Etarismo
Não desistir dos sonhos, acreditar em si mesmo e persistir. Dar esse recado ao mundo é dar coragem pra turma 50+. Especialmente para as mulheres, que sofrem mais com o Etarismo. Seja em Hollywood ou em casa, isso é uma praga moderna. Você viu o revoltante vídeo das estudantes de uma faculdade paulista debochando da colega com 40 anos, velha demais pra estudar? Falta de laço. É crime ter preconceito contra a idade. Envelhecer é uma conquista, não um motivo de vergonha e chacota.
Voltando ao Oscar: outro exemplo de volta por cima e reconhecimento é Brendan Fraser, 54 anos, ganhador de Melhor Ator no filme "A Baleia". Ele andou sumido por anos até a grande chance. Deve ter pensado mil vezes em desistir. E quem disse que é fácil identificar com clareza essas oportunidades de ouro, capazes de dar uma guinada na vida? Elas costumam estar disfarçadas de medos, cobertas de dúvidas, soterradas de inseguranças. Sendo alguém famoso ou não, só tem um jeito: te joga.