Reduto cultural
Pista de skate do IAPI passa por melhorias no piso e terá novo obstáculo no estilo street
Adeptos da modalidade que combina manobras com elementos do mobiliário urbano seguem fiéis ao tradicional ponto da Zona Norte
Um dos redutos do skate em Porto Alegre, a pista do IAPI receberá um novo piso de concreto queimado em um trecho para que as rodinhas girem, derrapem e aterrissem com mais segurança. A obra começou no último domingo (26) e tem previsão de ficar pronta no próximo final de semana. A melhoria é promovida pelas empresas Matriz, SkateSpot e Du99 em contrapartida pela realização de um campeonato na Orla.
A pista da Restinga, na zona sul da Capital, também receberá melhorias em breve, afirma a Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ). O movimento acontece em março para coincidir com a etapa do campeonato brasileiro de skate street, modalidade em que manobras são feitas e combinadas em pistas que simulam obstáculos de espaços urbanos como bancos, escadas com corrimão e pequenas rampas.
A etapa portoalegrense do Skate Total Urbe (STU) National 2023 está marcada para os dias 17, 18 e 19 de março, no complexo esportivo da orla do Guaíba.
Ao lado do Parque Marinha do Brasil, a maior megapista da América latina — que combina três modalidades do skate — divide opiniões entre os frequentadores do IAPI. Para os adeptos do estilo mais fluído e semelhante ao surf, o bowl inspirado em piscinas é a opção mais sedutora. Já os que preferem manobras curtas e combinações de saltos e fazer a pranchinha com rodas girar entre os pés, o IAPI é o berço da cena porto-alegrense.
— A primeira vez que vim aqui, aos 12, descobri um paraíso. Até hoje não tem nada igual na região — diz João Gabriel da Silva, 23 anos, skatista desde os 10, morador de Capão da Canoa.
João e o amigo Victor Madeira, 19, almoçaram sanduíches comprados no mercado mais próximo para aproveitarem o IAPI nesta quinta-feira (2). Com poucas companhias na pista e sem o barulho das máquinas que removiam o piso antigo para concretar o novo, desfilaram flips, grinds e ollies sob o sol do meio-dia embalados por rap norte-americano tocando em uma caixa de som.
— Íamos na Orla, mas nesse horário não tem como andar lá. É muito quente, parece que o sol reflete no chão e queima de baixo pra cima — diz João, que foi alertado por Victor, morador da Zona Norte.
— Aqui tem árvores que fazem sombra, e quando a gente para de andar rola até um vento que refresca — complementa o mais novo.
A cena vive
As novidades que estão sendo implementadas na tradicional pista foram pensadas pelos arquitetos que a projetaram, Frederico Cheuich e César Gordo. Os dois desenvolveram um novo obstáculo para ser colocado no meio do espaço, que ainda é surpresa enquanto não toma forma. Quem comanda a revitalização é Ely Martins, 42, paraense que trabalha com o skate há 29 anos.
Ely conta que monta rampas em todo o Brasil, agora contratado pela SkateSpot, mas letrado na arte de decolar e deslizar desde os tempos que caixotes e compensados de madeira empilhados já viravam desafios. Ele percebe um desenvolvimento constante, tanto em qualidade quanto em quantidade, na prática da modalidade em Porto Alegre.
— Estamos trabalhando aqui (IAPI) desde o domingo e vimos muita família vindo brincar com skate. São públicos diferentes, aqui e na Orla. O IAPI tem mais árvores, vem mais gente que mora perto. Na Orla tem muito movimento, esta cheio e dificulta para quem está começando. Muita gente tinha parado e agora voltou a andar por causa da novidade do bowl lá. Mesmo sendo a maior pista da América Latina, já ficou pequena para tanta gente — comemora o skatista que morou em Porto Alegre entre 2012 e 2017.