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Reduto cultural

Pista de skate do IAPI passa por melhorias no piso e terá novo obstáculo no estilo street

Adeptos da modalidade que combina manobras com elementos do mobiliário urbano seguem fiéis ao tradicional ponto da Zona Norte

03/03/2023 - 10h36min


Roger Silva
Roger Silva
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Um dos redutos do skate em Porto Alegre, a pista do IAPI receberá um novo piso de concreto queimado em um trecho para que as rodinhas girem, derrapem e aterrissem com mais segurança. A obra começou no último domingo (26) e tem previsão de ficar pronta no próximo final de semana. A melhoria é promovida pelas empresas Matriz, SkateSpot e Du99 em contrapartida pela realização de um campeonato na Orla.

A pista da Restinga, na zona sul da Capital, também receberá melhorias em breve, afirma a Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ). O movimento acontece em março para coincidir com a etapa do campeonato brasileiro de skate street, modalidade em que manobras são feitas e combinadas em pistas que simulam obstáculos de espaços urbanos como bancos, escadas com corrimão e pequenas rampas. 

A etapa portoalegrense do Skate Total Urbe (STU) National 2023 está marcada para os dias 17, 18 e 19 de março, no complexo esportivo da orla do Guaíba.

Ao lado do Parque Marinha do Brasil, a maior megapista da América latina — que combina três modalidades do skate — divide opiniões entre os frequentadores do IAPI. Para os adeptos do estilo mais fluído e semelhante ao surf, o bowl inspirado em piscinas é a opção mais sedutora. Já os que preferem manobras curtas e combinações de saltos e fazer a pranchinha com rodas girar entre os pés, o IAPI é o berço da cena porto-alegrense.

— A primeira vez que vim aqui, aos 12, descobri um paraíso. Até hoje não tem nada igual na região — diz João Gabriel da Silva, 23 anos, skatista desde os 10, morador de Capão da Canoa.

João e o amigo Victor Madeira, 19, almoçaram sanduíches comprados no mercado mais próximo para aproveitarem o IAPI nesta quinta-feira (2). Com poucas companhias na pista e sem o barulho das máquinas que removiam o piso antigo para concretar o novo, desfilaram flips, grinds e ollies sob o sol do meio-dia embalados por rap norte-americano tocando em uma caixa de som.

— Íamos na Orla, mas nesse horário não tem como andar lá. É muito quente, parece que o sol reflete no chão e queima de baixo pra cima — diz João, que foi alertado por Victor, morador da Zona Norte.

— Aqui tem árvores que fazem sombra, e quando a gente para de andar rola até um vento que refresca — complementa o mais novo.

A cena vive

As novidades que estão sendo implementadas na tradicional pista foram pensadas pelos arquitetos que a projetaram, Frederico Cheuich e César Gordo. Os dois desenvolveram um novo obstáculo para ser colocado no meio do espaço, que ainda é surpresa enquanto não toma forma. Quem comanda a revitalização é Ely Martins, 42, paraense que trabalha com o skate há 29 anos.

Ely conta que monta rampas em todo o Brasil, agora contratado pela SkateSpot, mas letrado na arte de decolar e deslizar desde os tempos que caixotes e compensados de madeira empilhados já viravam desafios. Ele percebe um desenvolvimento constante, tanto em qualidade quanto em quantidade, na prática da modalidade em Porto Alegre.

— Estamos trabalhando aqui (IAPI) desde o domingo e vimos muita família vindo brincar com skate. São públicos diferentes, aqui e na Orla. O IAPI tem mais árvores, vem mais gente que mora perto. Na Orla tem muito movimento, esta cheio e dificulta para quem está começando. Muita gente tinha parado e agora voltou a andar por causa da novidade do bowl lá. Mesmo sendo a maior pista da América Latina, já ficou pequena para tanta gente — comemora o skatista que morou em Porto Alegre entre 2012 e 2017.


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