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Direto da Redação

Alberi Neto: "Itinerário em círculos"

Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

19/04/2023 - 09h53min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Agência RBS / Agência RBS
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Tem um tema que me acompanha quase desde o primeiro dia que entrei numa Redação: transporte público. Esse ano, completo oito anos de jornalismo, seis deles aqui no Grupo RBS. Já escrevi muito sobre as linhas de ônibus que rodam em Porto Alegre. E, desde sempre, a batida é a mesma: o ônibus demora, atrasa, vem cheio. Se fosse permitido, decerto que iriam passageiros dependurados fora do coletivo. E, nesse tempo que acompanho o tema, a situação só piorou. Já se vai quase uma década (se juntar o período em que fui usuário do sistema, aí mesmo somam-se 10 anos) ouvindo e vendo os problemas.

Durante 2020 e 2021, o tema acabou batendo muito na conta da pandemia. Se o ônibus não vinha? Pandemia. Se tava lotado? Pandemia. Se não tinha ônibus? Pandemia também. Mas, já passou, né? E aí? Agora, o problema é dinheiro. Nos últimos três anos, a prefeitura precisou entrar com dinheiro público no sistema para manter os ônibus rodando. O problema é que o dinheiro para investir é menor, como já pontuou diversas vezes o prefeito Sebastião Melo (MDB). E aí, pra fechar a conta, ou a passagem sobe ou a prefeitura coloca ainda mais dinheiro pra segurar o valor (como neste ano). Mas são valores só pra cobrir o rombo, não melhoram o sistema. Nunca é para baixar a passagem, mas tudo para “evitar que suba mais do que iria subir”.

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O peso sob as costas do usuário também se perpetua. E aí fica a sensação de que nada se resolve pro lado de quem embarca no ônibus todo santo dia. Tira isenção, corta linha, reduz horário, tira cobrador, mas nunca parece ser o suficiente.

Aquele velho ditado de “pau que dá em Chico, dá em Francisco” não costuma se aplicar no transporte público. O lado para o qual a corda arrebenta sempre é o do passageiro. E, se em qualquer cidade de primeiro mundo, a qualidade de vida passa pelo transporte público e a mobilidade urbana funcionando bem, estamos bem longe desse patamar. O que eu espero é que não precisem mais oito anos cobrindo o tema para as mudanças começarem a ir pro lado do melhor e não seguir nessa linha que só viaja em círculos.



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