Quatro atletas do projeto social Criança Capoeira Jiu-jítsu, que ensina as modalidades de forma gratuita para jovens da Vila Bom Jesus, em Porto Alegre, foram aprovados para o Campeonato Brasileiro de Jiu-jítsu. O evento acontecerá entre os dias 29 abril e 7 maio, em São Paulo. Além de suas próprias economias, os atletas estão vendendo rifas e fazendo uma vaquinha virtual para levantar os R$ 6 mil que ainda faltam para as passagens, hospedagem e alimentação.

Os jovens competidores são Érica Rayane de Araújo Goulart, 17 anos, que se consagrou campeã estadual na categoria juvenil 2 meio-pesado, faixa branca, e conseguiu a passagem para o campeonato nacional. Wesley Kauan Gambini Pinto, de mesma idade, que está se preparando para competir na categoria adulta galo, faixa roxa. E Wagner Cauê Corrêa, também de 17 anos, que ficou entre os quatro melhores do Estado na categoria juvenil 2 super pesado, faixa azul. O professor do projeto social, Jarbas Jesus Machado Cidade, 42 anos, irá acompanhá-los na competição e disputará na categoria master 3 pesadíssimo, faixa preta.

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Além dos treinos realizados no “Porão dos Guerreiros”, o espaço improvisado que Jarbas criou em sua residência para a iniciativa social, ele disponibilizou aos atletas que se classificaram para o campeonato brasileiro vagas gratuitas no centro de jiu-jítsu em que ele é instrutor. Sua intenção é oferecer horários de treino adicionais além dos fornecidos pelo projeto, assegurando que os jovens selecionados possam manter seu desempenho físico e mental.

Projeto

Em 2003, Jarbas criou o Criança Capoeira Jiu-jítsu visando proporcionar aos jovens da comunidade da Vila Bom Jesus uma opção de vida saudável através do esporte. O projeto oferece aulas de ambas as modalidades para crianças a partir de quatro anos até jovens de 18 anos. Atualmente, o projeto conta com mais de 50 alunos, que treinam em diversos horários da semana no Porão dos Guerreiros.

A iniciativa se mantém há duas décadas sem nenhum tipo de apoio financeiro recorrente, apenas com doações pontuais e com muita persistência de Jarbas. Ele conta que continua firme no voluntariado por ver o impacto positivo na vida dos jovens que ensina. 

Os três alunos classificados para a competição são exemplos do impacto que o projeto gera na vida de quem passa por ele. A campeã estadual relata que encontrou no projeto uma força para enfrentar as dificuldades da sua vida pessoal. Ela viveu um período turbulento após sua irmã engravidar. Sem opção de contar com a mãe, que é dependente química, Érica se mudou para a casa da irmã para ajudá-la. 

– O projeto me resgatou do fundo do poço. Pude começar a pensar em outras coisas além dos meus problemas familiares. Comecei a ir aos treinos, me foquei no esporte e me tornei uma competidora – diz.

Já Wesley, que iniciou no projeto aos nove anos, encontrou uma segunda família nos colegas e professor do Criança Capoeira Jiu-jítsu. Ele diz que não conta com o apoio de parentes, então seus companheiros de esporte garantiram que ele mantivesse seu sonho vivo.

Wagner também sentiu esse acolhimento. Mesmo quando precisou se mudar para Canoas, podia sentir o carinho e apoio dos colegas e professor da iniciativa.

– Ele (Jarbas) me passava treinos online para fazer em casa todos os dias. Nos finais de semana, eu conseguia ir ao projeto. Quando eu fiz 17 anos, me mudei novamente para Porto Alegre e retomei as aulas regulares do projeto. Tive muita ajuda deles para estar aqui hoje, me preparando para o campeonato – relata.

Como ajudar

/// Para levar os atletas ao campeonato, doações podem ser feitas pela vaquinha virtual vakinha.com.br/3448734 ou pelo Pix jarbasjesusjarbas@gmail.com.

 /// Mais informações pelo telefone (51) 98129-1097.

Produção: Júlia Ozorio