Posso Entrar?
Cris Silva: "Pode entrar, Elisângela"
Colunista traz histórias inspiradoras de vida e trabalho todas as sextas-feiras
O amor materno é capaz de maravilhas. Pelos filhos, as mães se libertam de situações sufocantes, se reinventam para tentar uma renda extra e até mesmo descobrem um poder que achavam que não tinham. Já escrevi algumas colunas sobre essa força que nós, mulheres, descobrimos quando somos colocadas em uma situação de pressão ou de prova.
A história de hoje é encantadora. O desejo de ser mãe foi tão intenso que, mesmo sem conseguir gestar, ela virou mãe, amamentou e fez dessa experiência cheia de conhecimento o seu novo negócio. Com vocês, Elisângela Freitas, 41 anos, moradora de Porto Alegre e especialista em nutrição materno-infantil.
FOI ASSIM
“Antes de abrir meu espaço, era professora em escola técnica e servidora pública municipal no Vale do Sinos. Trabalhava em unidades básicas de saúde como nutricionista, fazendo atendimentos em saúde coletiva.”
MEU NEGÓCIO
“É um espaço de acolhimento, oportunidade e aprendizado através da nutrição para gestantes, puérperas e crianças até os dois anos. Sou nutricionista materno-infantil há 13 anos e busco empoderar grávidas com a alimentação específica para cada trimestre gestacional. Também ofereço curso de gestante, que envolve os cuidados com o recém-nascido e amamentação para que a mamãe tenha um maternar tranquilo após o parto.”
MINHA EXPERIÊNCIA
“Meu gatilho foi a maternidade. Desde minha formação, sempre trabalhei com gestantes. Mas, quando me tornei mãe, as dificuldades com a amamentação foram enormes. O termo ‘padecer no paraíso’ define bem. Mesmo sendo da área, foi muito difícil. Mas consegui. Quando retornei ao trabalho após a licença-maternidade, elaborei e implantei duas salas de amamentação no município onde trabalhei pelo SUS.”
MEUS AMORES
“Meu principal incentivador é meu marido. Ele me apoia em tudo! Mas o principal motivador é meu filho. A maternidade me fez mais resiliente. Quero estar mais com ele, pois percebi o quanto ele muda e se desenvolve diariamente, e não quero perder nada. A infância de hoje define o adulto de amanhã. Minha família é meu forte.”
MOMENTO DIFÍCIL
“Após a licença, voltei empolgada para ajudar muitas mães a amamentar. Mas o deslocamento diário (a ida e a volta davam mais de 125 quilômetros), com bebê, foi cansativo e estressante. Era muito tempo dentro do carro. No município, trabalhei sozinha por seis meses, era a única referência de Nutrição. Minha produção mais que dobrou, e o trânsito era caótico. Tive diagnóstico de síndrome de Burnout. Amava o que fazia, mas precisava estar perto de casa e da minha família.”
DAQUI PRA FRENTE
“Quero atender meus pacientes com calma. Ter tempo adequado e de qualidade para conhecer suas angústias, medos e expectativas e, assim, poder, da melhor forma, ajudar a gravidinha a ter um maternar leve, tranquilo e seguro.”
CURIOSIDADE
“Não posso gestar, por isso, tenho esse amor pela gestação. Sou mãe adotiva, recebi meu bebê pela adoção e estimulei amamentação. Após 47 dias de luta, ordenha com máquina e uma rede de apoio incrível, consegui amamentar exclusivamente meu bebê até os seis meses. Hoje, ele tem quatro anos e ainda mama. Recadinhos para as futuras mamães: amamentar é um ato de resistência. Toda mulher é capaz e pode realizar esse sonho, se bem estimulada e apoiada.”
RECADO DA CRIS
“Não pare até se orgulhar de você.”