Coluna da Maga
Magali Moraes: de renguear cusco
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Pra quem me lê e não mora no Sul do Brasil, eu explico: hoje o assunto é o frio de renguear cusco que chegou aqui. Agora imagine um cão vira-lata na rua, tremendo em uma friaca extrema e repentina. Pronto, era a outra explicação que faltava. Desde quarta-feira passada, os termômetros despencaram num tobogã meteorológico. De repente, o outono virou inverno. A frente fria entupiu narizes desavisados. Não tenho visto TV, mas aposto que já saiu reportagem mostrando gaúchos de poncho nas ruas.
Estou torcendo pra que o outono não vá embora tão cedo. Preferia que ele voltasse logo ao seu normal: nem tão quente, nem tão frio. Simplesmente agradável. E acho que ninguém estava preparado pra colocar meias de lã em pleno abril. Eu ainda usava Havaianas na maior parte do dia, sabe. Agora é mudar o look e aquecer o corpo. Frio, calor, chuva, repete. Depois de um feriadão ventoso e gelado, o que vem pela frente? Só sei que no meio do caminho tem um tubo de vitamina C.
Urso
Já que fomos pegos de surpresa, bora correr pro abraço de urso daquele cobertor quentinho que tiramos do armário. O que mais se faz pra encarar o frio? Esquenta água pro chá, e não deixa de observar a lindeza da fumacinha saindo da xícara e subindo no ar. Liga o fogão à lenha e esfrega as mãos no calor que emana dele. Inaugura a lareira (fiz isso no último fíndi). Pela a pele no banho quente. Prepara um sopão. Come pinhão, que já é época. Abre um vinho tinto e brinda.
Esfriar antes da hora é mais uma prova de como tudo anda acelerado. Reparou que essa é a última semana de abril? O mês passou feito uma forte rajada de vento. A gente se adapta, os dias seguem, e logo é o inverno que termina. Calorentos dirão "que bom, já vai tarde". Independente da temperatura, sempre vou sentir falta de mais um tempinho pra observar a mudança de luz que o sol faz dentro de casa. Cada estação, um cotidiano. Ou um mundo à parte pra gente prestar atenção.