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Coluna da Maga

Magali Moraes: de renguear cusco

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

24/04/2023 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Pra quem me lê e não mora no Sul do Brasil, eu explico: hoje o assunto é o frio de renguear cusco que chegou aqui. Agora imagine um cão vira-lata na rua, tremendo em uma friaca extrema e repentina. Pronto, era a outra explicação que faltava. Desde quarta-feira passada, os termômetros despencaram num tobogã meteorológico. De repente, o outono virou inverno. A frente fria entupiu narizes desavisados. Não tenho visto TV, mas aposto que já saiu reportagem mostrando gaúchos de poncho nas ruas.

Estou torcendo pra que o outono não vá embora tão cedo. Preferia que ele voltasse logo ao seu normal: nem tão quente, nem tão frio. Simplesmente agradável. E acho que ninguém estava preparado pra colocar meias de lã em pleno abril. Eu ainda usava Havaianas na maior parte do dia, sabe. Agora é mudar o look e aquecer o corpo. Frio, calor, chuva, repete. Depois de um feriadão ventoso e gelado, o que vem pela frente? Só sei que no meio do caminho tem um tubo de vitamina C. 

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Urso

Já que fomos pegos de surpresa, bora correr pro abraço de urso daquele cobertor quentinho que tiramos do armário. O que mais se faz pra encarar o frio? Esquenta água pro chá, e não deixa de observar a lindeza da fumacinha saindo da xícara e subindo no ar. Liga o fogão à lenha e esfrega as mãos no calor que emana dele. Inaugura a lareira (fiz isso no último fíndi). Pela a pele no banho quente. Prepara um sopão. Come pinhão, que já é época. Abre um vinho tinto e brinda.

Esfriar antes da hora é mais uma prova de como tudo anda acelerado. Reparou que essa é a última semana de abril? O mês passou feito uma forte rajada de vento. A gente se adapta, os dias seguem, e logo é o inverno que termina. Calorentos dirão "que bom, já vai tarde". Independente da temperatura, sempre vou sentir falta de mais um tempinho pra observar a mudança de luz que o sol faz dentro de casa. Cada estação, um cotidiano. Ou um mundo à parte pra gente prestar atenção.



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