Coluna da Maga
Magali Moraes: fronhas e travesseiros
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Eu sempre reparo em pessoas que levam seus travesseiros nas viagens de avião. É pra dormir no voo? Que elas não ronquem, de tão à vontade. É pra garantir o sono na casa dos outros? Que os parentes ou amigos não se ofendam. É nojinho de deitar a cabeça num travesseiro diferente? Se o destino for um hotel, tomara que o gerente faça vista grossa. Uma fronha discretinha, pelo menos. Sem babados e marcas de baba. Mas qualquer travesseiro parece fora de contexto sem os lençóis e o colchão.
Presto atenção especialmente na fronha viajante. Acho uma coisa tão íntima quanto sair na rua de camisola e pijama. Fronhas só deveriam fazer o trajeto cama, lava-roupa e armário. No máximo, irem até o sofá em uma tarde chuvosa. Quem circula com travesseiro por aí leva uma fronha extra pra trocar ou dorme com a mesma que encostou sabe-se lá onde? Vai dar pesadelo na certa. Pode ser mania ou sensação de segurança. O paninho do adulto crescidinho, como fazem as crianças pequenas.
Rinite
Talvez a louca seja eu, que durmo com dois travesseiros. Se eu falar que é o melhor remédio pra rinite, você acredita? Nem sempre é uma noite tranquila. Um travesseiro disputa com o outro quem vai ser o principal e quem vai sobrar de coadjuvante (acordando nos pés da cama). Enquanto o nariz agradece respirando melhor, o pescoço reclama. Coitado, dois travesseiros são quase um degrau na cervical. Pior que desaprendi a dormir apenas com um, entope tudo só de pensar.
Agora imagina se eu gostasse de levar travesseiro em viagem de avião. Iam me cobrar uma passagem a mais pra acomodar a turma. Quantas fronhas roubariam espaço na mala?! Faz tanto tempo que eu não viajo de avião que já estou delirando. Acho que vou sonhar hoje à noite com aeroporto, portas em automático e máscaras de oxigênio. Posso até sonhar que eu sou uma fiscal da alfândega. Oba! Vou confiscar todos os travesseiros com fronhas de babados. Isso, sim, é turbulência.