Coluna da Maga
Magali Moraes e a vida adulta
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Se te pedissem pra descrever em poucas palavras os prazeres da vida adulta, o que você diria? Boletos pagos? Pia limpa? Festa com lugar pra sentar? Promoções no supermercado? Depende da fase em que a gente está. A vida adulta é um período amplo demais. Quando entramos nela, ninguém recebe um aviso oficial ou crachá identificador. De repente, nos damos conta de que o ritmo mudou. As obrigações crescem, vira uma avalanche de preocupações, cobranças e expectativas.
Pelo menos, existem esses pequenos prazeres. Minúsculos até. Pensei agora na felicidade que é puxar o lacre de alumínio que protege o requeijão sem rasgar nada, inteirinho. Sabe-se lá o que vai acontecer durante a semana, mas essa tarefa foi um grande sucesso: prazer e satisfação garantidos. Já escrevi aqui sobre os prazeres de abrir um sabonete novinho pra tomar banho, e de como a água quente que cai do chuveiro e massageia as costas pode ser a glória total depois de um longo dia.
Boa
Respondendo minha própria pergunta lá em cima: uma boa noite de sono é como eu descrevo em poucas palavras os prazeres da vida adulta. Perceba que fui modesta no adjetivo boa. Não precisa ser uma noite sensacional ou incrível de sono. Basta ser boa. Fechar os olhos e dormir, só acordar na manhã seguinte. Nem precisa sonhar. De todas as fases da vida adulta, esse prazer é especialmente apreciado por mulheres que se tornam mães e (passagem de tempo) quando estão na menopausa.
Pequenos prazeres podem ser cheiros gostosos que te surpreendem: de café passado, grama cortada, produto de limpeza recém usado no chão, bolo no forno. Uma gargalhada bem dada também é prazerosa. Se, apesar dos pesares, conseguimos rir é porque as dificuldades são contornáveis. Chegar em casa e colocar nosso pior look, o mais confortável de todos, é outro baita prazer. Já parou pra pensar nisso? Falei, falei, e ainda não sei o que são pra você os pequenos prazeres da vida adulta. Conta aí.