Coluna da Maga
Magali Moraes e as mães sem culpa
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Ao longo de toda a maternidade, imagina se a gente ganhasse uma moedinha por cada culpa sentida no papel de mãe. Seríamos riquíssimas, bilionárias! Mas não. Na imensa maioria das vezes, nos culpamos literalmente de graça. Sofremos antecipadamente, idealizamos uma perfeição que não existe, tentamos proteger as crias além da conta e nos cobramos demais. Ser mãe é sensacional. É chuva de amor e de abraços quentinhos como raio de sol. Também é difícil, exigente e cansativo.
Um aprendizado constante, isso sim. A gente erra mais que acerta, tenta de novo, quase desiste, muda de fase e segue uma vida buscando ser a melhor mãe possível. Muitos pesos caem nos nossos ombros. Alguns são inevitáveis, outros é porque deixamos. Ninguém disse que seria fácil parir, cuidar e educar seres humanos em desenvolvimento _ eles também descobrindo sua personalidade, os sonhos, medos e desejos. A jornada é longa, melhor dividir bem as tarefas e se permitir crescer junto.
Barriga
E as culpas? Elas aparecem antes, durante e depois. Culpa por não estar presente o tempo todo. Culpa pela barriga que sobrou do parto. Culpa por dizer "não" e dizer "sim". Culpa pela falta de vontade pra sentar no chão e brincar. Culpa por servir comida congelada. Culpa por perder a paciência. Culpa por não saber ajudar no tema de Matemática. Culpa por reclamar do quarto bagunçado e acabar arrumando tudo. Eu ficaria aqui fazendo uma lista interminável, mas esqueceria de tantos exemplos.
Domingo é o nosso dia. Seremos paparicadas, servidas, amaciadas. Presentes serão entregues como forma de carinho, homenagem, aproximação, agradecimento ou reconciliação. Aceitaremos, sorriremos e nos sentiremos amadas. Agora presentão mesmo é a gente que se dá: uma trégua em todas essas culpas e cobranças, quem sabe deletar a metade delas e recombinar o jogo com essa mulher incrível que aparece quando você se olha no espelho. Um beijo no coração. Feliz Dia das Mães!